Com a proposta de se antecipar aos problemas advindos do período de estiagem em Mato Grosso, o governo do Estado lançou, esta manhã, o ‘Plano de Combate e prevenção às queimadas 2016’ que prevê R$ 1,3 milhão em investimentos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para atendimento prioritário da capital e municípios do interior, durante o período proibitivo que se inicia no dia 15 de julho e segue até 15 de setembro, podendo ser prorrogado em razão das questões climáticas.
O total de investimentos entre Corpo de Bombeiros e Sema pode chegar a R$ 4 milhões, por meio de uma estrutura de atendimento descentralizada e que conta com o apoio das 18 unidades do Corpo de Bombeiros nos municípios mais populosos, oito brigadas municipais mistas em regiões mais sensíveis ao fogo (Feliz Natal, Sinop, Cláudia, Ipiranga do Norte, Vera, Sapezal, Campo Novo dos Parecis, Aripuanã, Comodoro, Porto Esperidião) e dez bases descentralizadas que irão atender até as situações mais críticas. Entre brigadas mistas e bases volantes, está previsto um total de 260 oficiais de bombeiros e 48 agentes civis atuando.
Para atingir mais precisão e uma maior área com resposta rápida, o planejamento deste ano prevê suporte às equipes com dois aviões de combate a incêndio florestal, com capacidade de 3,1 mil litros de água, um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), 18 veículos Auto Rápido Florestal (ARF), 18 caminhonetes Auto Bomba Tanque (ABTF) e cinco Auto Florestal (AF). Além de equipamentos de manuseio em mata, como facões, foices, sapas, abafadores.
Para o secretário de Estado de Meio Ambiente e vice-governador, Carlos Fávaro, a resposta rápida do Estado é imprescindível para minimizar danos ao meio ambiente e, principalmente, prejuízos à saúde da população que é a que mais sofre neste período em razão da fumaça. “Através do Gabinete de Comunicação do Governo, nós já lançamos a nossa campanha em todas as mídias de Mato Grosso buscando conscientizar a sociedade para este problema que é de todos”.
Ele explicou que a atual gestão em 18 meses priorizou o fortalecimento do Corpo de Bombeiros com a contratação de mais 400 novos oficiais, ao passo que nos últimos 10 anos foram contratados apenas 70. “Com isso, nós buscamos que Mato Grosso seja exemplo para o país na prevenção e combate às queimadas e aos incêndios florestais. Também asseguro que a proximidade da Sema com as demais corporações para a realização de um trabalho conjunto e articulado será expandida cada vez mais”.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cesar Rodrigues, ressaltou que é responsabilidade do Estado e dos cidadãos minimizarem o problema provocado pelas queimadas neste período, já que 70% da área de Mato Grosso está nas mãos de proprietários particulares. “Sejam nas áreas urbanas ou rurais, os proprietários precisam adotar medidas mínimas para evitar que o fogo se inicie ou se propague, nas cidades, é preciso manter os terrenos limpos para evitar não só queimada, mas pequenos roedores e mosquito da dengue. Nas áreas rurais, é preciso fazer aceiro, ter reserva de água e manter vigilância para proteger a propriedade”.
O secretário executivo da Sema, André Baby, pontou que Sema, Corpo de Bombeiros e outras instituições que compõem o Comitê do Fogo fazem uso da inteligência e do planejamento para trabalhar de forma colaborativa neste período, o que irá maximizar a estrutura do Governo do Estado nos 141 municípios. “Também vamos atuar conjuntamente com outros parceiros, entre eles, Ibama, Ministério Público Estadual Federal e Federal, todo setor produtivo e principalmente a população, para que nos ajude a evitar o problema, não fazendo uso do fogo”.
Visando reforçar a responsabilização pelos incêndios florestais, que em sua maioria é de origem criminosa e intencional, o tenente coronel Paulo André Barroso, comandante do BEA, explica que a estrutura deste ano conta com duas equipes de perícia que atuará prioritariamente para evitar que as unidades de conservação estaduais peguem fogo. No ano passado, das 46 unidades, 15 queimaram. “Estamos fechando o cerco ao incêndio florestal, com o objetivo de tirar Mato Grosso no topo do ranking nacional. Além disso, é importante ficar claro que apagar fogo custa muito caro aos cofres públicos, por isso vamos dividir essa conta com quem desrespeitar e lei neste período”. A Sema e o BEA têm uma cooperação técnica desde o ano passado para atuação prioritária nas unidades de conservação estaduais.
De 1º de janeiro a 5 deste mês, houve aumento de aproximadamente 32% nos focos de calor em relação ao mesmo período do ano passado em Mato Grosso. Foram contabilizados 7.008 focos este ano, contra 5.324 no mesmo período do ano passado. O percentual do Estado é inferior ao registrado no Brasil (41%) e nos estados da Amazônia Legal (59%) este ano, mas já serviu de alerta para o Governo do Estado que iniciou seus trabalhos este ano um mês antes ao realizado em 2015.
O ranking dos 20 municípios onde mais são registrados focos de calor são praticamente os mesmos nos últimos cinco anos, com algumas variações de um ano para o outro. Entre os que despertam a preocupação este ano estão: Nova Maringá, Nova Ubiratã, São Félix do Araguaia, Basnorte, Paranatinga, Tangará da Serra, Gaúcha do Norte, Feliz Natal, Querência, Marcelândia, Santa Carmem, Nova Mutum, Tapurah, Sorriso, União do Sul, Campo Novo dos Parecis, Canarana, Tabaporã, Cláudia e Porto dos Gaúchos. O bioma mais atingido é a Amazônia, onde se concentram 4.260 focos de calor, seguido pelo Cerrado, com 2.654 focos e 94 no Pantanal.
O período proibitivo para as queimadas tem início nesta sexta-feira (15) e segue até o dia 15 de setembro, podendo ser prorrogado. No ano passado, foi até 15 de outubro, com um total de 30 mil focos de calor, ficando em segundo lugar no ranking nacional, conforme o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Nesta época, utilizar fogo para limpeza e manejo nas áreas é crime passível de seis meses a quatro anos de prisão, com autuações que podem variar entre R$ 7,5 mil a R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare. Nas áreas urbanas o uso do fogo para limpeza do quintal é crime o ano inteiro. As denúncias podem ser feitas na ouvidoria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema): 0800 65 3838, no 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas secretarias municipais de Meio Ambiente.