O piloto Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, foi submetido, esta manhã, a mais um procedimento cirúrgico de remoção de pele do corpo para transplantá-la na região dos braços, sem intercorrências, em um hospital particular em Sorriso. Ele segue internado, estável, lúcido, orientado, se alimentado por via oral, respira sem ajuda de aparelhos, mas sem previsão de alta.
Esteves teve 25% da superfície corpórea com queimaduras de 2º e 3º – membros superiores, face e abdômen – após o avião modelo Neiva EMB-201A que pilotava cair e pegar fogo em uma floresta no distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (197 quilômetros de Sinop), no dia 3 deste mês.
Ele foi transferido do Hospital Regional de Peixoto de Azevedo para Sorriso, no dia 8 deste mês. O resgate dele ocorreu um dia antes pelas equipes de buscas. Ele foi encontrado deitado às margens de um córrego, debilitado e com algumas queimaduras no braço e no rosto devido as chamas que atingiram o avião.
No hospital em Sorriso, o piloto contou a seu irmão Diego Semencio Esteves, ter percebido alterações no avião antes de cair e pegar fogo. “Ele saiu de Porto Nacional (Tocantins), parou em Confresa e fez o abastecimento. Durante o trajeto, percebeu algumas alterações. Desceu em uma fazenda, ligou para o patrão e disse que o óleo estava aquecendo, e algumas questões técnicas que só ele saberá esclarecer direito. Decolou de novo, rodou algumas vezes em volta dessa fazenda. Não surgiu nada de novo, então, seguiu viagem. Chegando próximo a Peixoto percebeu um ‘probleminha’, uma pane no motor, viu que iria cair, escolheu a copa de uma árvore e jogou [o avião] lá. Na hora que bateu rodou, pegou um pouco de fogo e ele saiu correndo”.
Segundo os bombeiros de Colíder, Maicon sobreviveu comendo bolachas. “Instantes antes da queda, conseguiu notar uma estrada próxima da mata e relatou ter usado o celular, mas a bússola indicava um caminho reto pela floresta. Com queimaduras no rosto e braços, ele caminhou pela floresta e relatou, instantes após ter sido encontrado, que era impossível fazer o deslocamento em linha reta, já que é preciso contornar árvores e cipós. Nessas voltas ele se perdeu, não encontrou a estrada e andou muito mais do que esperava andar”.
A versão investigada é que a aeronave estava sendo levada para ser avaliada em uma possível venda em Alta Floresta, mas acabou caindo e pegando fogo. De acordo com o proprietário Nelcir Mauro Formehl, o avião foi comprado no “ano passado e foi feita toda a revisão dele, mas não havíamos lançado ainda no sistema [da Anac]. Estava parado no Rio Grande do Sul, mas fizemos todas as revisões”, explicou.
Segundo consta no Registro Aeronáutico Brasileiro, a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) cancelado. O procedimento não havia sido renovado desde setembro de 2010.