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Pesquisa da Unemat aponta que 80% dos peixes já desovaram no Pantanal e alerta impacto das queimadas

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Redação Só Notícias (foto: assessoria/arquivo)

Os pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso que monitoram a reprodução de peixes afirmam que cerca de 80% dos migradores (que possuem maior importância econômica como os pintados, cacharas, jaús, pacus, dourado e peraputanga) já desovaram no Pantanal. O levantamento já é feito há 15 anos. A partir da próxima semana a pesca nos rios de Mato Grosso está liberada com o fim da piracema (período de defeso) no dia 31 do mês passado. Com isso, os rios voltarão a receber pescadores.

De acordo com o professor da Unemat e doutor em ecologia, Claumir Cesar Muniz, o período de defeso, de quatro meses (entre outubro e janeiro) é suficiente para garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros em Mato Grosso. Nesse ciclo reprodutivo, além de acompanhar a desova dessas espécies, os pesquisadores estão colhendo dados adicionais para monitorar a qualidade da água, e a oferta de alimentos para essas espécies migradoras, em razão das queimadas ocorridas no final de 2020. “Nós estamos colhendo esses dados e vamos acompanhar como a qualidade da água vai interferir no ciclo reprodutivo das espécies no futuro”, explicou através da assessoria.

Ainda segundo Muniz, com relação a oferta de alimentos existe uma preocupação maior. “A migração reprodutiva é precedida por uma migração alimentar, então existe sim uma relação entre alimentação e aspectos reprodutivos e a oferta de alimentos pode influenciar na condição corporal desses organismos que realizam grandes processo de migração, como por exemplo algumas espécies que podem migrar até mil quilômetros para se reproduzir”.

Para os pesquisadores as espécies onívoras, que se alimentam de animais e vegetais, e também as espécies herbívoras, que se alimentam de plantas, devem sentir mais a degradação ambiental que Pantanal sofreu em 2020. “Temos que considerar que 30% do ambiente do Pantanal foi queimado, ou seja, a oferta de alimentos para essas espécies que migram por esse ambiente que sofreu com os incêndios florestais não vão ter a mesma oferta de alimentos. Com isso, as condições corporais desses organismos podem diminuir negativamente e isso influencia negativamente em outro processo importante no ambiente pantaneiro, que é a dispersão de sementes. Então teremos neste ano de 2021 e possivelmente em 2022 uma diminuição da oferta de alimento e também desse papel ecológico da dispersão de sementes, que são fundamentais para a manutenção das florestas marginais dos rios, em função da perda de vegetação”.

Figurando entre as espécies com maior captura no ambiente pantaneiro, o pacu, por exemplo devem sentir essa degradação. “Os pacus se alimentam basicamente de frutos, folhas e flores e têm um papel fundamental nesse processo ecológico de dispersão de sementes e ele vai sofrer pela falta de alimento, inclusive agora, quando ele já realizou o processo reprodutivo e está migrando rio abaixo não vai ter alimento em qualidade para manter suas condições fisiológicas”, afirma o pesquisador.

Para o professor, a partir do próximo ciclo reprodutivo é que será possível medir o quanto as queimadas do ano passado interferiram. Segundo ele, o ciclo reprodutivo das espécies começou em setembro de 2020, quando as condições fisiológicas dos peixes era uma, e as queimadas se intensificaram em outubro e novembro. De acordo com ele, no ciclo de 2021 e 2022 é que será possível medir com maior precisão o quanto essa degradação ambiental foi nociva para a manutenção e preservação das espécies de peixes.

São essas pesquisas, capitaneadas pela Unemat desde 2004, que possibilitaram por exemplo, a mudança da data do período da piracema no Estado. Antes, a pesca ficava fechada de novembro até final de fevereiro, mas esse monitoramento rotineiro, uma vez que a cada dois meses, os pesquisadores realizam coleta e acompanham a atividade reprodutiva no Pantanal em Cáceres, subsidiaram a tomada de decisão do governo e do Conselho Estadual da Pesca em alterar esse período de defeso. Além de pesquisadores da Unemat, participam desse monitoramento profissionais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Universidade Federal de Mato Grosso e mais recentemente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

A coleta de peixes ocorre a cada dois meses, e os peixes capturados têm as medidas de comprimento anotado, são pesados, e têm os órgãos do sistema digestório e reprodutivo analisados. Com isso, os pesquisadores podem fazer comparações entre meses anteriores por meio de teste de Análise de Variância e com isso podem afirmar como as espécies estão se comportando no ambiente pantaneiro.

 

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