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Pesquisadores da UFMT monitoram jacarés com gravadores acústicos e drones

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Redação Só Notícias (fotos: grupo de pesquisa CO.BRA)

Desde 2012, o grupo de pesquisa CO.BRA, da sigla em inglês, Computational Bioacoustics Research Unit ou Unidade de Pesquisa em Bioacústica Computacional, criado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas da UFMT, tem utilizado tecnologias para estudar os jacarés do Pantanal, tornando-se um pilar essencial no biomonitoramento da região. Com o uso de gravadores acústicos passivos, armadilhas fotográficas e drones, os pesquisadores e pesquisadoras do grupo conseguem obter dados valiosos sobre os padrões comportamentais desses animais e os impactos das mudanças climáticas sobre estes organismos.

O jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) é uma espécie emblemática dos ambientes aquáticos do bioma, mas enfrenta ameaças crescentes devido às alterações climáticas e às atividades humanas. A população, antes estimada em mais de 10 milhões de indivíduos, vem sofrendo declínio devido a secas prolongadas e incêndios florestais.

Diante desse cenário, o monitoramento da espécie exige abordagens inovadoras, como explica a coordenadora de Pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), a professora doutora Marinez Isaac Marques, que também coordena, junto do professor doutor Charly Schuchmann, do Museu de Zoologia Alexander Koenig, Bonn, Alemanha, o CO.BRA da UFMT e atua no subprojeto de biomonitoramento. Segunda ela, os métodos tradicionais, como contagens visuais e captura, enfrentam desafios no Pantanal, devido à extensão e dificuldade de acesso a muitas áreas; para superar essas limitações, o grupo de pesquisa tem adotado a bioacústica e o drone. Segundo o Professor Doutor Charly Schuchmann “a bioacústica está sendo utilizada como ferramenta para descrever os diferentes tipos de vocalizações e padrões de atividade vocal da espécie. No caso do drone, utilizamos as imagens para contar a quantidade de indivíduos, monitorar a dinâmica de ocupação de baías nas diferentes estações do ano e avaliar a estrutura etária da população”, destacou, através da assessoria da UFMT.

Ainda conforme o professor, esses recursos possibilitam avaliar a sazonalidade na densidade populacional da espécie, ou seja, o número de indivíduos por unidade de área, e identificar os comportamentos associados e quais são os períodos de menor e maior atividade. “A análise de gravações obtidas ao longo de diferentes anos também está sendo realizada para entender como fatores sazonais e ambientais, como o pulso de inundação do Pantanal, que vem se alterando nos últimos anos, influenciam a atividade desses animais. Além disso, a partir das imagens obtidas pelo drone, estão sendo geradas várias fotografias aéreas, as ortoimagens, que permitem avaliar se os indivíduos têm preferências no uso dos micro-habitats aquáticos disponíveis nas baías estudadas”, destacou Carolinne Zatta Fieker, pesquisadora membra do CO.BRA e bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do INPP.

As pesquisas conduzidas pelo CO.BRA contam com a infraestrutura da Base Avançada de Pesquisa do Pantanal (BAPP), gerida pela pró-reitoria de pesquisa da UFMT (Propesq). A pesquisadora Marinez Marques, lembra que utiliza a BAPP desde de 2009, com os trabalhos de campo do seu grupo de pesquisa em Ecologia e Taxonomia de Artrópodes, e destaca o suporte que a base lhe ofereceu ao longo destes 16 anos. “A infraestrutura da BAPP oferece instalações adequadas como cozinha, laboratórios, dormitórios, áreas de convivência, o que permite aos pesquisadores realizar suas atividades de forma mais eficaz e confortável, contribuindo para a qualidade das pesquisas, que é particularmente importante em áreas remotas onde o acesso é difícil, como o Pantanal”.

O pró-reitor de pesquisa da UFMT, Bruno Araújo, reforça que fortalecer as investigações científicas na região, contribuindo diretamente para a conservação e desenvolvimento da biodiversidade no Pantanal. “Nosso compromisso é aprimorar essa estrutura e ampliar as oportunidades para que mais estudos contribuam com soluções para os desafios ambientais e sociais do Pantanal”, destacou.

Os jacarés desempenham um papel importante na ecologia, principalmente por serem animais de topo de cadeia em ambientes alagados. Desta forma, contribuem para regular a quantidade de indivíduos de outras espécies, mantendo o equilíbrio e a saúde dos ecossistemas aquáticos.

De acordo com a doutora Carolline Zatta Fieker, membra do Grupo CO.BRA e pesquisadora do INPP e do INAU, a sobrevivência desta espécie está fortemente ligada ao ciclo hidrológico do Pantanal, em especial aos pulsos de inundação, evento crucial para a reprodução dos jacarés e alimentação. “É durante a enchente que os indivíduos se distribuem pela planície seguindo o fluxo das águas, determinam territórios e acasalam. As fêmeas em seguida constroem seus ninhos e depositam os ovos no solo em camadas cobertas por folhiço em áreas elevadas, onde permanecem protegendo os ovos e depois os filhotes”, concluiu Fieker, através da assessoria da instituição.

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