Os brasileiros estão inseguros em relação aos próximos meses, não só em relação à sua situação pessoal, mas à situação do país, diante do atual panorama político e econômico, revela a pesquisa inédita O Consumidor Brasileiro e a Crise – Perspectiva de Futuro, divulgada hoje (1º) pelo Instituto Locomotiva.
De acordo com o levantamento, feito entre os dias 10 e 15 de julho com 1.421 brasileiros acima de 16 anos de idade em 50 cidades de todo o país, 69% dos entrevistados manifestaram preocupação com a possibilidade de perder o padrão de vida e 71% afirmaram que pretendem consumir menos. “Esse é o impacto direto na economia”, disse o presidente do instituto, Renato Meirelles.
Enquanto 51% dos brasileiros disseram estar satisfeitos com sua própria vida na esfera privada, apenas 4% externaram satisfação com o Brasil, em geral, na esfera pública e 25% dos consultados estão satisfeitos com a própria renda.
Segundo Meirelles, essa insatisfação tem origem no medo e no pessimismo com relação ao futuro, o que faz com que o brasileiro passe a pensar muito mais antes de comprar um bem durável parcelado, por exemplo. “No cenário que soma crise econômica com crise política, o brasileiro não consegue ver luz no fim do túnel”.
A consequência do medo e da falta de perspectiva que a vida vai melhorar é que os pessimistas consomem menos que os otimistas, constatou a pesquisa. Os pessimistas compram menos 21% em supermercados que os otimistas, menos 14% móveis e menos 18% produtos eletroeletrônicos, mostra a sondagem.
A pesquisa revela ainda que há um ciclo vicioso do pessimismo que impacta na economia real. “Eles [consumidores] compram menos, as empresas contratam menos gente e piora a economia”. Meirelles disse que o pessimismo que o brasileiro apresenta em relação ao futuro próximo do país e a insatisfação com relação à própria vida e à esfera pública fazem com que “esse fundo do poço pareça não ter fim”.
Para romper esse ciclo, os consumidores estão procurando empresas que se coloquem como suas parceiras nesse momento. Ou seja, empresas que não falem apenas de preço, mas que ofereçam produtos de maior qualidade a um preço justo. “Empresas, por exemplo, que consigam qualificá-lo para o mercado de trabalho”, disse o presidente do instituto.
Meirelles disse que 56% dos consumidores brasileiros dão mais importância agora à qualidade do produto do que há um ano. “Eles não querem produtos vagabundos e baratinhos; querem produtos que entreguem a melhor relação custo/benefício”.