O uso indiscriminado de soja como “ceva”, resultante da produção agrícola, na pesca do Matrinchã, um dos peixes importantes na economia e cultura de Mato Grosso, é tema de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCAM) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus de Sinop.
Conforme a coordenadora do estudo, Lucélia Nobre Carvalho, a introdução do grão como alimento é comparável ao efeito de lanches “fast-food” no organismo dos peixes, além de ocasionar desequilíbrio na alimentação e alto ganho calórico. “Além disso, o impacto afeta a textura e coloração dos filés”, pontua Lucélia. Os cardumes selvagens pesquisados eram provenientes dos rios Teles Pires e Cristalino.
O uso da ceva com fixação permanente e uso de equipamentos mecânicos é proibido pela Lei Estadual nº 9096, de 2009, que dispõe sobre a política de pesca em Mato Grosso. “Essas informações podem ser utilizadas em políticas públicas”, atesta a pesquisadora.
O estudo, resultante do projeto intitulado “Avaliação de potenciais impactos provenientes da agropecuária e do garimpo no peixe matrinxã (Brycon falcatus) na bacia do rio Teles Pires: construindo bases para o monitoramento”, foi publicado na Journal of Applied Ichthyology, Revista Colombiana de Ciência Animal (RECIA) e no Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI).
A pesquisa foi financiada com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Sinop.