O pedreiro Luis Carlos Gimenes, de 47 anos, faleceu no início deste mês no Hospital Regional de Sorriso, após uma semana internado com cálculo renal e edema pulmonar, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Sinop. A ex-esposa de Luis, Oziane Araújo Silva, com quem ele tinha uma filha de 13 anos, agora afirma que processará judicialmente a administração da unidade de saúde. “Eles não deram a mínima”, declarou, ao Só Notícias.
De acordo com o boletim médico, o paciente ficou internado, de 29 de novembro a 5 de dezembro, apresentando dor e cólicas nefréticas (relativas aos rins), à espera da transferência para um hospital regional. “Ele me ligava gritando de dor e eles (a UPA) me falavam assim: ‘o paciente está estável porque o paciente tá até levantando pra andar’, eu falei assim: ‘se ele estivesse estável, ele tava era na casa dele, não tava aí não’. E senti que ele já estava indo, falei ‘se ele continuar aqui, ele vai morrer’”, conta Oziane.
Para conseguir a cirurgia para o paciente, Oziane diz que procurou a ouvidoria da UPA, a assistência social, a central de regulação e até mesmo o secretário de saúde, recebendo sempre a resposta de que o ex-marido estava estável. Nesse momento, ela decidiu procurar a Defensoria Pública. “Eu consegui o laudo, aí falaram para mim na defensoria: ‘a gente intimou a secretaria 14h30 da tarde, eles têm 5 horas para cumprir, às 19 horas da noite’ (de quinta). Ele foi transferido na sexta, às 7 da manhã, morreu no sábado e velou no domingo, eu já sabia que ele ia morrer”, afirmou.
“Eles me deixaram não foi prejuízo financeiro, não, foi psicologicamente para a nossa filha, vou ter que levar ela no psicólogo porque ela não dorme, nem de dia, nem de noite”, relatou.
Outro lado
Em nota ao Só Notícias, a secretária estadual de Saúde, informou que “esclarece que o pedido de transferência do paciente foi inserido no sistema no dia 29 de novembro e ele foi transferido para o Hospital Regional de Sorriso no dia 5 de dezembro. A transferência ocorreu após a disponibilização de uma vaga que atendesse às necessidades clínicas do paciente. Para o atendimento das solicitações, a regulação avalia a classificação de risco e a especificidade do quadro clínico apresentado, além do perfil das vagas disponíveis.”
A Associação Saúde em Movimento, que administra a UPA, divulgou, hoje, uma nota de esclarecimento à imprensa, informando que durante a “internação na UPA foi realizado todos os exames necessários, tais como tomografia, ultrassom e laboratoriais. Durante toda internação, o paciente recebeu todas as medidas de suporte necessárias”.
Ainda segundo a nota, foi feita uma revisão dos dados dos registros de prontuário, no qual “não se constatou nenhum desvio ético profissional que aponte em negligência, imprudência ou imperícia da equipe da UPA”, diz trecho da nota.
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