A sirene é acionada no hangar do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande. É mais um chamado para o patrulhamento aéreo nos bairros de Cuiabá. Desta vez, a equipe do piloto-comandante, capitão BM Paulo Pereira dos Santos se prepara para a missão. Santos, o co-piloto e três tripulantes armados, incluindo um socorrista, embarcam no Águia e decolam com destino à capital.
O patrulhamento aéreo é mais uma missão para o currículo do capitão Paulo Santos, que está a mais de seis anos no grupamento aéreo e coleciona ocorrências marcantes na sua carreira. Uma delas aconteceu há duas semanas, quando o Águia foi acionado para apoiar a Polícia Militar na busca de um veículo roubado em Cuiabá.
A equipe foi informada, pela central de emergência, que a caminhonete estaria em fuga na BR-070, sentido ao município de Cáceres. Durante o voo na rodovia federal, a tripulação se deparou com uma caminhonete com as mesmas características informada pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), porém ao se aproximar do veículo a equipe foi surpreendida quando verificou que a placa do veículo não era a mesma informada pela central e que o condutor não obedecia às ordens de paradas sinalizadas pela tripulação.
Então, dois tripulantes realizaram o desembarque rápido do águia e montaram uma barreira utilizando um caminhão, que passava pela estrada, para parar o automóvel. “Ao sair da caminhonete, o motorista se entregou e confessou que o veículo era roubado e que a placa estava adulterada”, lembrou o piloto.
O militar ressalta que a atividade aérea de Segurança Pública é de alto risco. “No momento em que estamos voando baixo, seja em operação policial ou resgate, temos todas as possibilidades de algo acontecer contra nós, por isso, somos treinados e as nossas aeronaves altamente preparadas, o que nos faz confiar 100% nos nossos voos”, disse Santos, que está na aviação desde 1999.
Para buscas e outras missões, o Ciopaer conta com três helicópteros e quatro aviões, que são utilizados para atuar em apoio às ocorrências de roubos, cercos, perseguições, resgates, salvamentos, incêndio, defesa civil, entre outros.
O piloto e investigador de Polícia Civil, Fábio Nalin, se lembra de um resgate, no qual o avião foi fundamental para salvar a vida de um morador do pantanal mato-grossense. A vítima havia sido atingida por disparos de arma de fogo e estava perdendo muito sangue.
O local onde o morador se encontrava era de difícil acesso por terra, então a aeronave foi acionada para o resgate. Nalin, o co-piloto e um tripulante da Polícia Civil treinado para resgate decolaram do hangar do Ciopaer e em 30 minutos, a equipe já estava no local realizando os primeiros atendimentos na vítima.
Após cuidar os ferimentos, a tripulação realizou o transporte até Cuiabá e ao chegar no hangar, a vítima já estava com o seu quadro de saúde estável. “Logo após a ocorrência, a família do morador veio até o hangar para nos agradecer pelo atendimento”, lembrou o piloto que disse ser apaixonado pela aviação desde a infância.
Para realizar as atividades aéreas, o Ciopaer possui no seu quadro funcional 90 profissionais da Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil e Corpo de Bombeiros. Desse total, 23 são pilotos, 38 tripulantes operacionais, 15 servidores administrativos e cinco mecânicos.
Entre os tripulantes está o cabo PM Aislan Arrin Moura, que chegou no grupamento aéreo em 2007. Em seus 10 anos de Ciopaer, as ocorrências de roubo a banco, conhecida como novo cangaço foram as mais marcantes. “Essas ocorrências paravam a cidade, aterrorizavam a população, que ficava isolada e refém dos criminosos”, destacou.
Aislan lembrou que uma dessas missões foi em 2010, quando ficou 21 dias fora de casa, no interior do Estado, em busca de assaltantes a bancos. O cabo fazia parte da equipe que estava de plantão e recebeu a informação de uma ocorrência no município de Paranatinga.
Rapidamente, a tripulação se equipou e decolou para a cidade, onde auxiliou as equipes em solo a prenderem uma parte dos criminosos do assalto, pois outros integrantes da quadrilha haviam escapado do cerco policial. O que Aislan e seus colegas não esperavam é que os fugitivos roubariam outro banco, desta vez em Tabaporã.
Então, a equipe se deslocou para a cidade e também conseguiu prender a quadrilha, recuperar o dinheiro e trazer paz aos moradores. Ainda em Tabaporã, a tripulação foi acionada para ajudar na desarticulação de uma outra quadrilha que também se preparava para roubar um banco, desta vez, na cidade de Campo Novo do Parecis.
“Entramos de serviços preparados para atender qualquer tipo de ocorrência, em qualquer lugar de Mato Grosso. Nesse período, a quantidade de roubos era muito intensa e isso me marcou”, disse Aislan que ocupa a função de fiel, tripulante mais experiente na aeronave.
Assim como Aislan, o 3º sargento PM Reginey da Silva Santos, também ocupa a função de fiel nas missões. O militar se lembra que foi convidado por um amigo, que também é policial, para conhecer o Ciopaer, à época ainda Grupo Aéreo da Polícia Militar (Graer). O ambiente de trabalho chamou atenção do sargento, que decidiu entrar para o grupamento, em 1998.
Em 17 anos de policiamento aéreo, R. Silva, como é chamado na unidade, já participou de inúmeras ocorrências, mas o militar não se esquece de como o helicóptero foi fundamental para localizar rapidamente uma motocicleta roubada, no município de Sinop, em 2011.
O sargento e seus colegas estavam abastecendo a aeronave, no aeroporto da cidade, quando ouviram a central de emergência solicitar apoio das guarnições, para atender uma ocorrência de roubo de veículo.
A equipe também se deslocou para o local onde supostamente estava a motocicleta. Ao chegar lá, a tripulação descobriu que o suspeito estava em outro ponto da cidade e com a ajuda de um jornalista, a equipe deslocou para a nova localização do fugitivo. Em menos de trinta segundos, a tripulação conseguiu visualizar a motocicleta e logo as viaturas prenderam o suspeito. “Se a aeronave não estive lá, com certeza, não teríamos conseguido prender o indivíduo e recuperar a moto tão rápido”, disse o militar.