A Comissão Pastoral da Terra, o Movimento Sem Terra (MST) e outras entidades de classe emitiram nota repudiando três assassinatos de lideranças rurais, na semana passada, em Mato Grosso. O primeiro assassinato, da sindicalista Maria Lúcia, ocorreu no dia 13 deste mês, no assentamento Nova Conquista II, no município de União do Sul, área reconhecida legalmente como terras da União. Neste caso, as ameaças foram denunciadas na Ouvidoria Agrária Nacional e foram testemunhadas, inclusive, por oficiais de justiça. O crime foi cometido dentro do assentamento.
Os outros assassinatos aconteceram, no sábado (16), no Distrito de Guariba, no município de Colniza, e as vítimas foram Josias Paulino de Castro, 54 anos, presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União (ASPRONU), e sua esposa Ireni da Silva Castro, 35 anos.
Ainda no início deste mês, em Cuiabá, ocorreu uma audiência com a Ouvidoria Agrária Nacional para tratar, dentre outros assuntos, do conflito de terra em Guariba, na qual participaram o desembargador Gercino José da Silva Filho, o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o presidente do Intermat, o comandante da Companhia da PM de Colniza, representantes do Incra, MPF, da Secretaria de Justiça de Estado, entre outros.
Na oportunidade, Josias denunciou a grave situação de conflito agrário que perpetua na região. “Lamentavelmente reafirmamos que estes assassinatos não são fatos casuais num Estado que vem promovendo insistentemente a concentração de terra e a violência programada, para perpetuar o privilégio de uns poucos que detêm o poder político e econômico, em detrimento de uma maioria de trabalhadores e trabalhadoras rurais”.