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Passageiros de ônibus reclaram dos serviçõs prestados em MT

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Empresas de ônibus intermunicipais e interestaduais que cortam Mato Grosso passam por cima dos direitos garantidos aos passageiros, entre eles o de “transportar com pontualidade, segurança, higiene e conforto, do início ao término da viagem”. Usuários do transporte rodoviário se queixam de ônibus com assentos danificados, banheiros sujos, cinto de segurança quebrado, falta de informação e cordialidade.

De acordo com aqueles que dependem do transporte rodoviário para pequenas e longas viagens, ônibus nessas condições são utilizados durante todo o ano, mas a situação fica mais crítica em dezembro, quando são utilizados veículos extras para suprir a demanda.

Quem não está satisfeita com o serviço prestado pelas empresas é a bióloga Luciana Ferraz, 36, que utiliza com frequência os ônibus por realizar pesquisas científicas na região de Brasnorte e Aripuanã. Banheiro sem a devida limpeza, tratamento desrespeitoso e falta de informação são as principais queixas. “O transporte terrestre não é humanizado. Os funcionários tratam o passageiro como se estivesse carregando uma carga qualquer”.

Jéssica de Melo, 19, mora em Brasnorte e já desistiu de reclamar da ausência do cinto, da falta de limpeza e do atendimento. “O pior é que o ano todo é assim”.

O mesmo acontece com o casal Paulo da Silveira, 28, e Dejanir da Silva, 25, que cansaram de reclamar para as empresas de ônibus que fazem o percurso Cuiabá-Campo Verde. Eles contam que, independente da época, é comum viajarem em veículos com os cintos de segurança quebrados e banheiro sujo. “Já reclamamos para motoristas e funcionários, mas eles não falam nada”.

A realidade não é diferente para quem viaja de um estado para outro. O designer gráfico Everton Lucas Morais, 18, percorreu o trajeto Goiânia (GO) -Cuiabá em um ônibus que, além de não oferecer água, estava com a descarga do banheiro e ar-condicionado quebrados. Já no percurso contrário, Cuiabá-Goiânia, quem sofreu foi Enir Luzia, 42. Conforme relata a vendedora, o ônibus era velho, barulhento e também estava com o ar-condicionado danificado. “Viajei preocupada, com medo. O carro fazia um barulho muito estranho a janela tinha que ficar sempre aberta, pois além falta de ar-condicionado tinha o cheiro do banheiro”.

Estrada de chão – Se a condição dos ônibus que trafegam em rodovias asfaltadas não é das melhores, a situação dos que utilizam estradas de chão irrita ainda mais. A dona de casa Sandra Barbosa, 31, conhece bem essa realidade, pois costuma fazer o trajeto Colniza-Juína de ônibus e precisa se sujeitar a uma viagem sem cinto de segurança, com assentos rasgados e quebrados e problemas mecânicos. A viagem entre Sinop e Juína também não é confortável nem segura. O trecho não é asfaltado e para piorar, Cinthia Nissola, 21, conta que o cinto de segurança geralmente está danificado. “Pago R$ 110 para fazer uma viagem ruim”.

Sindicato – Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado de Mato Grosso (Setromat), Júlio César Tales Lima, as reclamações não podem ser utilizadas para caracterizar todo o sistema. “A maior parte das empresas presta um ótimo serviço, duas delas já possuem o selo ISO 9001”.

Segundo Lima, depois que a Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager-MT) foi criada (em 2000) a qualidade do transporte melhorou muito. “As empresas estão investindo em frotas novas e treinamento de pessoas. O sindicato estimula esses investimentos”. Quanto à situação dos veículos que trafegam em estradas não-asfaltadas, o presidente diz desconhecer as reclamações e se compromete em averiguar os casos.

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