Os parentes das vítimas do acidente que envolveu um jato Legacy e um avião da Gol, em setembro de 2006, criticaram a decisão do juiz federal da Vara de Sinop, Murilo Mendes, de permitir que os pilotos do Legacy prestem depoimento nos Estados Unidos (EUA). A decisão foi tomada na última quinta-feira, conforme Só Notícias informou em primeira mão.
De acordo com os parentes, no tratado de cooperação judiciária entre Brasil e Estados Unidos, não há um prazo determinado para que os pilotos norte-americanos (Jan Paladino e Joseph Lepore) respondam às perguntas enviadas pela Justiça brasileira para o interrogatório.
A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 promete acionar o Ministério Público (MP), representante dos parentes das vítimas no processo, para pedir que a decisão de Mendes seja revogada e os pilotos tenham que vir ao Brasil. “Lá, eles podem levar um ano, dois, três, quatro, cinco, dez, quinze anos para responder uma pergunta; se eles responderem, podem simplesmente dizer que têm o direito de ficar calado”, protesta Rosane Guhtjar, viúva de uma das vítimas do acidente.
“Isso vai contra tudo o que foi dito pelos magistrados até então, que não poderia ser por videoconferência, porque a lei brasileira não permite. Aí a gente deu jato, deu passagem, deu tudo o que eles pediram para vir aqui e eles não vieram [à primeira audiência do processo, em agosto de 2007].”
Apesar de o juiz Murilo Mendes alegar que a decisão tem como objetivo dar mais rapidez ao processo de interrogatórios, a presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Angelita De Marchi, acredita que a burocracia envolvida no envio e retorno das perguntas e respostas vai ocasionar em um efeito contrário ao esperado.
“Todo esse trabalho vai tornar o processo mais moroso e a gente entende que isso veio a colaborar com nada, muito pelo contrário; o que se esperava é que a Justiça brasileira trouxesse os pilotos, que assinaram um compromisso de retornar ao Brasil, de responder à Justiça brasileira e não fizeram”, diz Angelita.
“Se estivéssemos numa situação oposta, os brasileiros nem teriam saído dos EUA antes de responder o inquérito, quanto mais não voltar.”