O decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, presidiu a Missa das Exéquias do Papa Francisco, esta manhã, na Basílica de Praça São Pedro. Participaram cerca de 250 mil pessoas entre cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, embaixadores, famílias, pessoas carentes, migrantes, jovens e crianças, chefes de Estado e de governo.
Duzentos e vinte os cardeais presentes. Cerca de quarenta as delegações de representantes de Igrejas cristãs e de outras religiões presentes na missa exequial do Pontífice. Mais de 160 delegações oficiais de Chefes de Estado e Soberanos estiveram presentes. Em frente ao altar, à direita, foi colocado o ícone da Salus Populi Romani.
O cardeal disse que “nesta majestosa praça de São Pedro, onde o Papa Francisco celebrou tantas vezes a Eucaristia e presidiu a grandes encontros ao longo destes 12 anos, encontramo-nos reunidos em oração à volta dos seus restos mortais com o coração triste, mas sustentados pela certeza da fé, que nos garante que a existência humana não termina no túmulo, mas na casa do Pai, numa vida de felicidade que não terá ocaso”.
O cardeal também lembrou que “sua última imagem, que permanecerá em nossos olhos e em nossos corações, é a do último domingo, Solenidade de Páscoa, quando Papa Francisco, apesar dos sérios problemas de saúde, quis conceder a bênção do balcão da Basílica de São Pedro e depois quis descer nesta praça para saudar, do papamóvel aberto, toda a grande multidão reunida aqui para a Missa de Páscoa.
Com a nossa oração, queremos agora entregar a alma do nosso amado Pontífice a Deus, para que Ele lhe conceda a felicidade eterna no horizonte luminoso e glorioso do seu imenso amor”.
Giovanni Re também manifestou que “ apesar da sua fragilidade nesta reta final e do seu sofrimento, o Papa Francisco escolheu percorrer este caminho de entrega até ao último dia da sua vida terrena. Seguiu as pegadas do seu Senhor, o bom Pastor, que amou as suas ovelhas até dar a própria vida por elas. E fê-lo com força e serenidade, junto do seu rebanho, a Igreja de Deus”
O cardeal concluiu que, “dotado de grande calor humano e profundamente sensível aos dramas de hoje, o Papa Francisco partilhou em pleno as angústias, os sofrimentos, as esperanças do nosso tempo e, com uma mensagem capaz de chegar ao coração das pessoas de forma direta e imediata, dedicou-se a confortar e a encorajar. O seu carisma de acolhimento e de escuta, associado a um modo de se comportar que é próprio da sensibilidade dos nossos dias, tocou os corações, procurando despertar energias morais e espirituais. O fio condutor da sua missão foi também a convicção de que a Igreja é uma casa para todos; uma casa com as portas sempre abertas. Várias vezes utilizou a imagem da Igreja como um “hospital de campanha” depois de uma batalha em que houve muitos feridos; uma Igreja desejosa de cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes angústias que dilaceram o mundo contemporâneo; uma Igreja capaz de se inclinar sobre cada homem, independentemente da sua fé e condição, curando as suas feridas. São inúmeros os seus gestos e exortações a favor dos refugiados e deslocados. Constante foi também a sua insistência em agir a favor dos pobres”.
” O Papa Francisco sempre deu centralidade ao Evangelho da misericórdia, sublinhando repetidamente que Deus não se cansa de perdoar: Ele perdoa sempre, seja qual for a situação de quem pede perdão e regressa ao bom caminho”
”O Papa Francisco costumava concluir os seus discursos e encontros pessoais dizendo: “Não vos esqueçais de rezar por mim”. Agora, querido Papa Francisco, pedimos-Vos que rezeis por nós e pedimos que, do céu, abençoeis a Igreja, abençoeis Roma, abençoeis o mundo inteiro, como fizestes no domingo passado, do balcão central desta Basílica, num último abraço a todo o povo de Deus, mas também, idealmente, à inteira humanidade, com a humanidade que procura a verdade de coração sincero e segura bem alto a chama da esperança”
Após a missa o caixão, levando o Papa Francisco, partiu da Basílica de São Pedro por volta das 12h30 (hora de Roma)com direção à Basílica de Santa Maria Maior para o sepultamento. Um grupo de pessoas necessitadas, pobres, refugiados e indigentes esperavam o caixão no adro da basílica para receber o caixão do Papa Francisco que foi conduzido até o local do sepultamento por um papamóvel, enquanto recebia aplausos dos peregrinos que se dividiram em diferentes pontos do trajeto de mais de 4km para acompanhar o cortejo fúnebre. As pessoas, cerca de 150 longo o percurso, gritavam “Viva Francisco! Viva Francisco!”.
O sepultamento no nicho no corredor lateral da basílica liberiana, entre a Capela Paulina e a Capela Sforza, foi precedido pelo canto de 4 salmos e acompanhado por 5 intercessões, e então o Pai Nosso foi entoado. Após a oração final, no caixão que contém os restos mortais do Papa Francisco foram impressos os sigilos do cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, Kevin Joseph Farrell, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Escritório de Celebrações Litúrgicas do Romano Pontífice e do Capítulo Liberiano. Após esses gestos, o caixão foi colocado no túmulo e aspergido com água benta enquanto o Regina Caeli foi entoado. Em seguida, a última formalidade: o notário do Capítulo Liberiano redigiu o ato autêntico atestando o sepultamento e o leu aos presentes.