Um milhão de pessoas acompanharam o funeral do papa João Paulo II na praça São Pedro e nos arrredores do Vaticano, segundo estimativa das autoridades de segurança. Pelo menos 300 mil pessoas reuniram-se na praça São Pedro e na Via da Conciliação. As outras 700 mil ficaram espalhadas diante dos vários telões instalados em pontos estratégicos da capital italiana. João Paulo II foi enterrado por volta das 14h20 locais (9h20 pelo horário de Brasília) na cripta do Vaticano em uma cerimônia íntima.
Muitos dos peregrinos que não conseguiram, ou sequer tentaram entrar na zona do Vaticano, se concentraram no histórico Circo Massimo, onde a missa funeral pôde ser vista através de dois telões colocados nos laterais. Mais de cem telões gigantes foram distribuídos pela cidade para transmitir a cerimônia.
Outro dos pontos nos quais havia milhares de pessoas foi o campus universitário de Tor Vergata, aos arredores da capital e que nos últimos dias se adequou para se transformar em um campo de amparada para os peregrinos. Ali foram colocados nove telões gigantes, em frente aos quais desde o começo da manhã se reuniu uma multidão formada por muitos poloneses e italianos. Vários dos presentes, em sua maioria jovens, levaram cartazes com mensagens como “nós somos a juventude do Papa”.
A cerimônia foi vista através de telões também em outras áreas de Roma, como os estádios Olímpico e Flamínio; a Praça do Popolo; a Praça de São João de Latrão; a Praça de São Paulo; e a própria Via da Conciliação, que une Roma ao Vaticano.
Chefes de Estado acompanham o funeral
Dezenas de chefes de Estado e de Governo, além de líderes religiosos, acompanharam a cerimônia de funeral do Papa. Entre as cerca de 200 personalidades de todo o mundo presentes ao evento estavam os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o rei da Espanha, Juan Carlos, e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
A delegação dos Estados Unidos contou com três presidentes, o atual Bush, e seus antecessores Bill Clinton e George Bush, além da secretária de Estado, Condoleezza Rice. Também estiveram na praça São Pedro as principais autoridades do Estado italiano, exceto o ministro do Interior, que coordenou o esquema de segurança imposto na capital italiana.
Além de Lula, a América Latina foi representada pelos presidentes da Bolívia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua, México e Panamá.
Entre os dirigentes europeus estavam o chanceler alemão Gerhard Schoroeder, o presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, os presidentes da Ucrânia, Viktor Yushchenko, da Polônia, Aleksander Kwasniewski, entre outros.
A realeza européia foi representada pelo príncipe Charles da Inglaterra, o rei Juan Carlos e a rainha Sofía da Espanha e os soberanos belgas Albert II e Paola.
Do mundo muçulmano compareceram o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, do Irã, Mohammad Khatami, e o sírio Bashar al-Assad.
As principais redes de televisão americanas, NBC, ABC e CBS, transmitiram ao vivo a cerimônia, assim como as emissoras árabes Al-Jazira e Al-Arabiya e outras de vários países. Considerado o evento mais noticiado da História, esta missa de corpo presente não foi transmitida ao vivo para a Rússia e a China.
Missa de corpo presente
O cardeal alemão Joseph Ratzinger iniciou solenemente a missa de corpo presente em honra ao papa João Paulo II nas escadas diante da Basílica de São Pedro no Vaticano um pouco antes das 10h30 locais (5h30 de Brasília), na presença de governantes de mais de cem países e milhões de peregrinos e fiéis.
A missa começou depois que o caixão de madeira cipestre do Papa foi carregado em procissão por 12 pessoas – que trabalhavam diretamente para o Pontífice – do interior do templo para ser colocado sobre um tapete oriental diante do altar, em meio a uma fervorosa e emotiva oração.
“O Papa nos vê e nos abençoa”, declarou o cardeal alemão ao concluir a homilia na missa de corpo presente de João Paulo II. “Agora está diante da janela da casa do Senhor. Nos vê e nos abençoa”, disse o cardeal depois de lembrar a última benção que o Pontífice deu aos fiéis e ao mundo.
“Não esqueceremos nunca o último domingo de Páscoa de sua vida, que o Papa marcado pelo sofrimento apareceu na janela do palácio apostólico e deu pela última vez a benção “urbi et orbi””, acrescentou Joseph Ratzinger. A homilia do cardeal foi interrompida 13 vezes pelos aplausos.
Canonização
Milhares de pessoas que assistiam ao funeral do papa João Paulo II pediram com gritos de “Santo já! Santo já!” a canonização “imediata” do pontífice morto. O pedido, que vem acompanhado por intermináveis aplausos, começou a ser escutado depois que o cardeal Joseph Ratzinger concluiu a homilia. A “onda” se propagou em segundos por toda a praça vaticana.
A missa fúnebre de João Paulo II foi encerrada pouco depois das 12h30 locais (7h30 de Brasília) na praça de São Pedro. O caixão em que está o corpo do Papa foi mostrado aos fiéis, que não paravam de bater palmas, antes de entrar na basílica de São Pedro para ser enterrado. O Papa foi sepultado por volta das 14h20 locais (9h20 pelo horário de Brasília) na cripta do Vaticano em uma cerimônia íntima na cripta da basílica vaticana.
Confira os dados do funeral:
– Dois milhões de peregrinos foram a Roma, incluindo centenas de milhares reunidos na Praça São Pedro e redondezas.
– Vinte e sete telões foram instalados nas ruas e praças perto do Vaticano e em pontos de concentração de pessoas, como o Coliseu, a pista de corrida de bigas Circus Maximus e em Tor Vergata, fora de Roma.
– Mais de 15 mil soldados e policiais patrulharam Roma.
– Cerca de 500 mil litros de água mineral foram distribuídos aos peregrinos diariamente.
– 3.500 banheiros temporários foram instalados perto da Praça São Pedro e nas áreas próximas aos telões.
– 3.500 jornalistas cobriram o evento, segundo o Vaticano.