“O Ministério Público e Deus são as nossas últimas esperanças”. O desabafo partiu do presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados de Mato Grosso, Carlos Antônio Pereira, que hoje se reuniu com o promotor Alexandre de Matos Guedes em busca de ajuda para conseguir medicamentos, que deveriam ser de uso contínuo, mas que estão em falta na Farmácia de Alto Custo há aproximadamente quatro meses. Além dele, várias outras pessoas estão na mesma situação.
“Por falta de medicamentos, estamos perdendo pacientes, alguns estão indo para a cadeira de rodas e outros estão com depressão. Desde o final do ano passado vem faltando medicamento periodicamente, mas nos últimos nove meses a situação se tornou insustentável”.
Segundo ele, existe uma média de 380 transplantados renais no Estado e todos tomam imunossupressores. Existem, ainda, mais de 2.300 pacientes que fazem hemodiálise e estão na fila para transplante. Todos dependem da medicação fornecida pelo Estado. A lista de medicamentos apresentada ao Ministério Público é composta por 10 itens.
Conforme o promotor de Justiça Alexandre de Matos Guedes, dos medicamentos apresentados, alguns foram objetos de ação civil pública e outros de inquéritos instaurados. “O MP vem atuando nesta questão há algum tempo, tanto que algumas demandas já foram judicializadas. Vamos peticionar ao juízo sobre o descumprimento de decisões, continuar com os inquéritos abertos e instaurar outros que estão faltando. Vamos também tentar junto com a Secretaria de Estado de Saúde resolver o problema sem a necessidade de nova judicialização”.
A expectativa, segundo ele, é de que até o final da semana que vem, o Ministério Público tenha alguma resposta. “Esperamos ter um posicionamento satisfatório, até porque no caso do transplantado se houver rejeição a pessoa terá que voltar para a hemodiálise. Além do Estado perder todo o investimento que fez na operação de transplante, perde-se também o órgão doado”.