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Oferta insuficiente gerou falta de energia elétrica no país, diz especialista

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O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Nivalde de Castro, disse que a falta de energia elétrica da última segunda-feira (19) em estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foi problema de desequilíbrio entre oferta e demanda, causado por um pico de demanda.

“As usinas em funcionamento não conseguiram atender a essa demanda e houve necessidade desse corte seletivo do Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS)”, explicou Nivalde, que defendeu a atuação do ONS. “Foi uma operação correta.”

Ele discordou, porém, da análise feita pelo Ministério de Minas e Energia. “O diagnóstico que o ministério está fazendo não é a hipótese mais previsível”.  Em entrevista concedida segunda-feira, o ministro Eduardo Braga informou que a falta de energia elétrica que atingiu as três regiões  decorreu de problema técnico em uma linha de transmissão de Furnas. Isso teria ocasionado uma variação na frequência do Sistema Interligado Nacional (SIN), levando ao desligamento de várias usinas de geração.

Nivalde destacou que, minutos antes da interrupção do fornecimento, houve um recorde de consumo de energia elétrica, motivado pelo calor excessivo em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois principais mercados consumidores de energia no país. “Os reservatórios [estão] baixos, as hidrelétricas não têm capacidade de responder rapidamente e todas as termelétricas estão funcionando. Então, em nossa percepção, esse tipo de problema pode ocorrer novamente, caso permaneçam o calor e a falta de chuva.”

O coordenador do Gesel disse, porém, que ainda não se pode falar em racionamento. Segundo ele, uma posição clara sobre racionamento só poderá ser feita em abril, quando terminar o período úmido. “Aí, o ONS vai ter as informações sobre o nível dos reservatórios, quantidade de termelétricas e estimativa de demanda. Ele vai poder fazer uma análise técnica para dizer se conseguiremos chegar até novembro, quando se inicia o novo período de chuvas”. Antes de abril, “ninguém deve falar em racionamento, porque não é correto”, enfatizou.

No momento, embora estejamos no período úmido, a conjugação de poucas chuvas e calor elevado tem provocado problemas de blecaute, acrescentou Nivalde. De acordo com ele, são blecautes localizados e temporários, que exigem ações como a feita segunda-feira pelo ONS.

Para o Gesel-UFRJ, é hora de o governo lançar campanha para estimular o consumo racional de energia elétrica pela população. Castro disse que o governo poderia usar, por exemplo, o sistema de bandeiras tarifárias, que entrou em vigor neste mês e permite o repasse mensal para a conta de luz do custo extra das distribuidoras com o uso de termelétricas. 

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