A Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso vai acompanhar as investigações envolvendo a violência contra o gari Antônio Francisco de Souza, 43 anos, que acabou morrendo. O caso ocorreu no bairro Jardim Ipanema, em Várzea Grande, cidade que integra a Grande Cuiabá. Um advogado da comissão de Direitos Humanos deverá ser designado para acessar as etapas processuais. “Inclusive das investigações”, disse o presidente da OAB, Francisco Faiad, que lastimou que a violência policial ainda seja um grave problema na sociedade. “O cidadão continua tendo medo da polícia”, ponderou.
Na quarta-feira, foram decretadas as prisões temporária de dois policias. Ambos foram apontados como responsáveis pelos atos de violência em abordagem ao gari. Um deles já está preso. O outro ficou de se apresentar nos próximos dias. “A sociedade precisa de um esclarecimento efetivo sobre esse assunto. Prender apenas não basta. Prender apenas não responde a tudo”, disse Faiad. Os policiais admitiram a abordagem feita à vítima, mas negam o espancamento.
Os dois policiais foram indiciados no crime de lesão corporal seguida de morte. A princípio, as suspeitas recaíam sobre dois policiais militares, já que Antônio estava acompanhado de um amigo que presenciou a agressão física. Esse amigo chegou a afirmar serem dois PMs os autores do espancamento. Os policiais militares ouvidos demonstraram desconhecer o caso. A dica do envolvimento da Polícia Civil no caso se deu depois que um dos policiais militares lembrar que trabalhava numa barreira móvel, quando passou uma viatura da Polícia Civil com os faróis ligados.
O gari foi espancado no sábado à noite, próximo de sua casa. Segundo uma testemunha, a vítima reclamou do farol alto da viatura xingando os policiais. O policial que estava dirigindo a viatura desceu e começou a espancá-lo. O outro também ajudou na agressão, conforme a testemunha. Reclamando de dores, o gari ficou o domingo em repouso. Na segunda-feira, não consegui levantar-se da cama. No período da tarde, ele foi ao banheiro, mas sentiu-se mal e acabou morrendo. A suspeita é que algum órgão interno tenha se rompido. A confirmação virá através do laudo de necropsia.
“A sociedade já tem seus problemas e o Estado não pode ser causador de mais um. Ao invés de ser amparado, se sente desprotegido ante a presença policial. A truculência há muito já deveria ter sido coisa do passado, da ditadura”, acrescentou Francisco Faiad. Para ele, as demonstrações indicam até aqui que os policiais agiram com abuso de autoridade. “Esteja quem estiver envolvido, vamos exigir punição dura e irrepreeensível para caso porque só assim o policial entenderá que ele existe para proteger o cidadão em qualquer circunstância”.