O secretário-adjunto de Qualidade Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Salatiel Araújo, disse que apesar dos números divulgados na última quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde Mato Grosso aparece em primeiro lugar em relação aos indícios de desmatamento registrados no mês de setembro, não existe motivo para alarme. "Não podemos trabalhar com ranking. Não consideramos um mês com o outro e sim períodos mais longos" e de acordo com o secretário-adjunto, analisando dessa forma Mato Grosso continua apresentando resultados decrescentes.
De outubro de 2007 a setembro de 2008, o Estado apresentava indicativo de indícios de desmatamento de 4.650 quilômetros quadrados. Já no período de outubro de 2008 a setembro de 2009, houve uma redução na área considerada desmatada, que no período foi de 1.222 quilômetros quadrados, segundo dados do próprio Inpe. Uma redução de quase 74% se comparada ao mesmo período de 2007/2008.
Em relação ao mês de setembro, no ano passado foram registrados no Estado 216,30 quilômetros quadrados de desmatamento, menor 61% em relação ao que foi observado em toda a Amazônia.
O relatório do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) aponta que em setembro deste ano Mato Grosso registrou indícios de desmatamento de 134,23 quilômetros quadrados, dos 400 quilômetros quadrados que sofreram corte raso ou degradação progressiva na Amazônia. O Pará foi responsável pela devastação de 133 quilômetros quadrados. Na soma total, o Pará tem 1.408,50 quilômetros quadrados, dos 2.856 quilômetros quadrados de floresta derrubada ou danificada em toda Amazônia, enquanto Mato Grosso é responsável por 891,17 quilômetros quadrados.
Por outro lado, ontem, foi divulgado o boletim sobre desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon para o mês de setembro. Neste, foram detectados em Mato Grosso apenas 31 quilômetros quadrados de indícios de desmatamento. Cabe lembrar que o Imazon trabalha com dois tipos de informações: o "desmatamento" e; a "degradação". Com relação à tipologia chamada "degradação" Mato Grosso apresenta, de acordo com o Instituto, 85 quilômetros quadrados. Ainda não é possível afirmar se a tendência de queda observada na tipologia "desmatamento" também está sendo acompanhada pela tipologia "degradação", pois o Imazon somente recentemente divulgou este tipo de informação estatística.
O Imazon, por meio de seus cientistas, após sucessivos debates sobre o tema desmatamento (ocorridos no ano de 2008), resolveu aperfeiçoar sua ferramenta de análise e criar a versão o SAD 3.0 que separa o "desmatamento" da "degradação". Já o Inpe, trabalha com as tipologias de desmatamento "corte raso" e "degradação progressiva", porém não divulga seus dados estatísticos separadamente como faz o Imazon.
Salatiel Araujo enfatiza que "numericamente entretanto, os dois sistemas, pela primeira vez em vários anos de divulgação de dados sobre o desmatamento, praticamente coincidem no valor em quilômetros quadrados. O Inpe divulgou o valor de 134,23 quilômetros quadrados (incluídos neste valor as tipologias "corte raso" e "degradação progressiva") e o Imazon por sua vez divulgou o valor de 116 quilômetros quadrados (incluídos neste valor as tipologias "desmatamento" e "degradação") para o estado de Mato Grosso. "Esta "coincidência" indica que as discussões científicas iniciadas no ano passado, tendo como protagonista principal o estado de Mato Grosso, estão dando resultados positivos, através do aperfeiçoamento de metodologias e da divulgação de dados cada vez mais completos sobre a questão do desmatamento no Estado", salientou o secretário-ajdunto.
Ele informa que "os polígonos de indícios de desmatamento, tanto do Inpe como do Imazon, imediatamente após sua divulgação, são incluídos na programação de fiscalização da Sema dos meses seguintes, de maneira a podermos autuar aqueles desmatamentos que estão sendo feitos sem a devida licença ambiental".
Para conter o avanço do desmatamento ilegal, Mato Grosso tem implementado uma série de ações, que segundo Salatiel Araujo mostram resultados positivos. Entre as ações destacadas pelo secretário-adjunto está o lançamento do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas de Mato Grosso (PPCD-MT).
Lançado oficialmente na semana passada pelo governador Blairo Maggi, o plano que reúne uma série de ações que já vem sendo executadas pelo Governo do Estado e inclui também ações sugeridas pela sociedade civil organizada. "Entre os pontos fortes do Plano está a continuidade dos pactos com os setores produtivos, tais como os setores da soja e sucroalcooleiro, visando diminuir os impactos nas florestas e, a implementação de iniciativas sustentáveis, além das ações de monitoramento e fiscalização".