Os índios das tribos Terena e Maben-Grokre acabam de bloquear a BR-163 novamente, no trecho entre Nova Santa Helena e Itaúba (cerca de 95 quilômetros de Sinop), após quase 4 horas de intervalo no segundo dia de protesto. A informação foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Uma das lideranças indígenas, Bemoro Metuktire, informou, ao Só Notícias, que, caso as reivindicações não sejam atendidas, o bloqueio deve permanecer até amanhã, quando os manifestantes devem liberar a rodovia por algumas horas durante a manhã.
“O pessoal de Brasília ainda não se manifestou sobre a exoneração da coordenadora de saúde indígena. Enquanto não houver resposta, permaneceremos fechando a rodovia. Vai durar a noite inteira se precisar. Decidimos também, juntamente com as outras lideranças, que o trânsito será liberado somente amanhã, das 7h às 12h. Depois fecharemos novamente”, ressaltou.
As negociações continuam e, até o momento, não houve avanço na pauta de reivindicações. Já a PRF continua mantendo a cautela e pedindo para que os motoristas evitem passar pela região. A assessoria informou que foi realizada uma consulta ao Ministério Público Federal sobre medidas a serem tomadas e foram informados para manter o diálogo e sem uso da força.
Em conversa por telefone, o cacique Sirenio, líder do movimento, reforçou o pedido de exoneração da coordenadora do Sesai. Como não há evolução nas conversações, foi pedido intervenção da Funai nacional e Ministério da Justiça, mas até agora nada mudou.
Ontem, não houve liberação parcial para passagem de carretas, caminhões e veículo. Somente ambulâncias passaram. No início do bloqueio, ontem pela manhã, o clima era tranquilo, porém, com o passar das horas a situação ficou tensa. Muitos motoristas ficaram sem água e comida e reclamaram pelo fato do protesto de uma minoria ser feito em uma rodovia (e não na Funai em Cuiabá) causando transtornos e prejuízos para a maioria.
A Funai está analisando as reivindicações e procurando atendê-las para que o grupo libere a rodovia. Eles reclamam obras de saneamento e postos de saúde inacabados, falta de remédios e profissionais, diminuição no número de viaturas, falta de infraestrutura nas bases de atendimento, ausência de combustíveis para carro, barco e avião, além de motores geradores e placas solares que utilizam para obter energia e conservar medicamentos e carência de horas de voo para urgências.
Outra reivindicação seria a exoneração da coordenadora distrital de Saúde Indígena, que está no comando há oito meses. Esta teria suspendido contratos e convênios supostamente superfaturados, além de ter demitido alguns indígenas envolvidos nesta situação.
A pista foi bloqueada, ontem, por volta das 8h40. Inicialmente seriam 60 indígenas que colocaram pedaços de madeira e pneus e atearam fogo. A PRF indica como rota alternativa algumas rodovias estaduais de acesso aos municípios de Santa Helena, Marcelândia, Cláudia e chegando na BR-163.
O número da PRF para informações sobre o bloqueio é o 191.