A Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso informou, hoje, que fez o pagamento da primeira parcela para aquisição da fazenda Panorama, localizada no município de Cláudia, no entorno da BR-163. Trata-se de um depósito judicial no valor das benfeitorias feitas no local. O valor da terra nua será pago em Títulos da Dívida Agrária, assim que a Justiça definir quem é o verdadeiro proprietário da área, que está sob disputa judicial. A área, que vinha sendo reivindicada pelos movimentos sem terra desde 2003, já está registrada em cartório em nome do Incra.
O próximo passo é a elaboração de um projeto que definirá como será dividido o assentamento e quantas famílias poderão ser assentadas. Por se tratar de terras localizadas no bioma amazônico, é preciso que 80% da área seja destinada à reserva ambiental. Dessa forma, o Incra trabalha na elaboração de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que combina agricultura nas áreas que não fazem parte da reserva e agroextrativismo nas áreas de floresta.
A aquisição da fazenda pelo Incra foi comemorada pelos movimentos sociais. Representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados (MTA) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Mato Grosso (Fetagri-MT) realizaram, na quarta-feira, um ato em reconhecimento ao empenho do Incra em frente à sede da Superintendência.
Segundo o superintendente Willian César Sampaio, o trabalho da autarquia é pagar uma dívida social do país. “O poder no Brasil foi construído em cima da concentração fundiária. Depois de 500 anos, nós conseguimos mudar pouco da estrutura fundiária do país. Mas estamos trabalhando arduamente para modificar essa situação”.