Com o apoio de amigos e familiares, a estudante e futura acadêmica de medicina, Naiara Silva Rosa, de 17 anos, que reside em Nova Ubiratã (169 quilômetros de Sinop), conseguiu ultrapassar a meta de arrecadação estipulada em um site, acumulando R$ 25,4 mil que serão usados no financiamento de sua viagem, hospedagem, consulta e exames para tratamento de uma insuficiência renal crônica, em uma unidade hospitalar de São Paulo (SP). A viagem está marcada para dia 10 de janeiro do ano que vem.
“Eu descobri que estava doente há um ano e meio porque tinha problemas com pressão alta e não sabia o motivo. Os médicos disseram (no Hospital Regional de Sorriso) que era uma nefrite, um rim estava inflamado, mas era algo simples e eu deveria tomar uma medicação por seis meses para melhorar. Porém depois de dois meses eu comecei a inchar demais, foi preciso trocar os remédios, e recebi uma dose errada que acabou intoxicando um dos meus rins”, detalhou.
O órgão, segundo Naiara, foi perdido no processo. “Tive síndrome necrótica e acabou evoluindo para insuficiência renal crônica. Eu cheguei a ficar 15 quilos acima do peso, pois eu não urinava então o líquido se acumulava. Não podia permanecer tempo demais em pé, pois a água poderia descer para as pernas e corria risco de ter uma trombose, surgiram estrias e como a pele estava frágil elas romperam e viraram feridas. Tinha dificuldades para dormir e usar roupas, perdi boa parte da massa muscular no corpo e tive muita queda de cabelo”.
A possibilidade de conviver com a doença ao longo de toda a sua vida foi um choque. “Os profissionais olharam para mim e disseram que não havia mais nada que pudessem fazer, e que eu devia aproveitar o tempo com minha família, isso me fez acreditar que eu ia morrer. Eu entrei em um quadro de depressão, passando por terapias e remédios, pois tudo ocorreu de uma hora para a outra, em um dia eu era saudável e no outro já não era mais”.
Dentro de suas relações e vida pessoal, ela descreveu que o estado clínico impactou em “uma aproximação com meus pais, eu até cheguei a mudar da religião católica para evangélica (a mesma da família), me apegando em deus. Mas hoje tenho muitas dificuldades em arrumar emprego, ninguém quer me contratar por conta desses problemas, minha saúde alterna entre bem e mal e tenho que ir com certa frequência ao hospital”.
O sucesso da arrecadação em um curto período surpreendeu a estudante. “Eu fiz um texto e mandei até alguns amigos, que gostaram e perguntaram se poderiam divulgar. Começou com apenas cinco colegas e alguns familiares, e quando eu fui perceber tinha pessoas compartilhando e printando para divulgar”
Após quatro tentativas de tratamentos, o foco é encontrar um procedimento mais seguro. “Em Mato Grosso, pretendiam me passar uma injeção, porém ela não tem uma eficácia comprovada, e custa entorno de R$ 8 mil ou mais, sendo preciso quatro doses. Eu resolvi buscar essa segunda opção, porque tenho medo de tomar outro remédio com grandes efeitos colaterais, e estou sem tempo para ficar testando”, relatou.
Naiara concluiu deixando uma mensagem para outros que encaram situações semelhantes. “Recorrer a Deus, pois foi ele que me tirou do quarto quando eu não queria mais ver meus amigos, sair ou fazer qualquer coisa, me dando ânimo e força para continuar, além de fazer o bem, por que nunca sabemos pelo que o outro passa. muitos me viam na rua e não imaginavam que eu tinha esse problema, então levo esse ensinamento”, concluiu.