O jornal americano The New York Times sugere, em reportagem publicada nesta quinta-feira, que o acidente com o vôo 1907 da Gol pode ter sido causado por uma falha num equipamento do avião Legacy, recém-vendido pela Embraer. Entre os sete tripulantes do jato, estava o jornalista Joe Sharkey, do próprio jornal. A reportagem, no entanto, é assinada por outros dois jornalistas.
De acordo com o texto, os investigadores do caso no Brasil disseram que o Boeing 737 da Gol estava visível no radar, mas se recusaram a dizer se o Legacy também estava. Segundo a reportagem, essa recusa sugere que o equipamento que tornaria o jato visível para o Boeing “poderia não estar funcionando”.
“Se o equipamento no (jato) Embraer não estava funcionando, isso pode explicar porque não houve alerta para a aeronave (da Gol), mas não teria afetado o equipamento anticolisão do jato executivo para detectar o Boeing e alertar sua tripulação”, afirma o texto.
Os pilotos do jato são americanos e ainda estão no Brasil para prestar esclarecimentos.
Transponder De acordo com o NYT, o equipamento em questão é um transponder, um rádio receptor-transmissor que envia e recebe sinais, incluindo o tipo de avião e sua altitude, para outros aviões e as torres de controle. As torres têm dois tipos de sistemas para monitorar o tráfego aéreo: um sistema que envia e recebe sinais de rádio, captando os ecos e aeronaves na área e outro que “fala” com os transponders.
A reportagem diz que as torres confiam mais no segundo, porque não tem interferências meteorológicas ou de aves. “As duas aeronaves tinham um sistema que escutava os transponders de aviões na área”, afirmou o jornal.
A matéria destaca que os pilotos americanos tiveram seus passaportes confiscados para não saírem do Brasil e que a mídia brasileira vem acusando-os de responsabilidade no acidente por voarem fora da altitude determinada.
“Em um comunicado divulgado nesta semana pelo escritório de Adriano Alves, promotor do estado do Mato Grosso que participa da investigação, teoriza que o sistema anticolisão da aeronave (TCAS, sigla em inglês), poderia ter sido desligado para permitir à aeronave que abandonasse sua altitude sem ser detectada”, afirma a matéria. “Na realidade, controladores de terra não podem usar informação do TCAS para verificar a altitude. O que eles usam é informação vinda do transponder”, afirma.
Ainda segundo o NYT, a caixa preta do Boeing da Gol estava bastante danificada, e como se trata de um assunto delicado, as autoridades brasileiras estariam considerando enviá-la para análise no Canadá ou mesmo nos Estados Unidos.
O Boeing 737-800 da Gol levava 155 pessoas (149 passageiros e seis tripulantes) voava entre Manaus e Brasília, na sexta-feira, quando caiu, matando todos a bordo.