O neurocirurgião Fernando Zúniga publicou uma “carta informativa” afirmando que atualmente o Hospital Regional “traz muito mais risco do que benefício para os seus usuários, que esperam um tratamento médico adequado”. Ele cita ainda que houve redução do número de atendimento e queda na qualidade do serviço prestado.
“Iniciamos o serviço de neurocirurgia no hospital em outubro de 2014. No início daquele período, realizamos cirurgias de alta complexidade e elevado grau de dificuldade, que trouxeram imenso orgulho e satisfação para nossa equipe. Mas é com frustração, muita tristeza e sobretudo constrangimento que relatamos a realidade que enfrentamos nos últimos meses. Atualmente, o Hospital Regional de Sorriso não apresenta as condições mínimas necessárias para uma prática de medicina digna e segura”, aponta trecho do documento.
Segundo ele, faltam pessoas em número e qualificação em todos os segmentos do hospital. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Pronto Socorro há falta de monitores e equipamentos. O centro cirúrgico sucateado. Irregularidade e descontinuidade no controle de higiene em todo o hospital. Serviço de esterilização sem profissionais qualificados e com equipamentos ultrapassados operando de forma não recomendada. Prestadores de serviços e fornecedores que suspenderam a relação comercial com a instituição devido a falta de pagamento.
Segundo ele, as consequências foram redução do número e da qualidade do serviço prestado, aumento alarmante do índice de infecção hospitalar causando prejuízo da qualidade no resultado final do tratamento, prolongamento do tempo de internação e de sofrimento e aumento dos riscos de outras complicações graves, inclusive morte.
“Não compactuamos com esta realidade, guardamos sempre a esperança de melhora, de poder voltar a oferecer uma medicina no mínimo decente e segura para quem precisa, mas colhemos apenas promessas sem resultados. Não aceitamos a ideia de que, por sermos de uma cidade do interior de Mato Grosso, devemos realizar uma medicina medíocre, ultrapassada e desumana. Todo nosso conhecimento e tempo são dedicados numa luta constante na preservação da vida e, quando não é possível, temos a obrigação de garantir a dignidade e o alívio da dor”.
“Se a responsabilidade desta triste e lamentável situação é do município ou do estado ou simplesmente das grandes autoridades que assim nomeiam de “crise”, eu não sei dizer. A única certeza que tenho, é de quem esta pagando por ela. O humilde que não tem outra opção de tratamento”.