Os 141 municípios de Mato Grosso estão completamente despreparados para o combate às queimadas acidentais. Se um incêndio iniciar agora em qualquer que seja o município do estado, não há equipamentos, tampouco material humano capaz de combatê-lo com eficiência. A afirmação é do professor e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Romildo Gonçalves, mestre em Educação e Meio Ambiente e especialista em queimadas controladas, com estudos realizados sobre o assunto há mais de 25 anos.
Segundo ele, apesar de já ter iniciado o período da estiagem, o governo estadual ainda não comprou equipamentos nem preparou brigadas para combater os incêndios ditos acidentais, que são aqueles causados pela inconsequência da ação humana. De acordo com um relatório feito feito pelo Instituto de Pesquisa Espaciais (Inpe), a diferença de focos de calor entre os anos de 2006 e 2007 passa dos 100%. Enquanto que no ano de 2006 foram registrados 7.353 ocorrências, em 2007 este número subiu para 17.558 focos.
O professor afirma que o problema das queimadas no estado passa por questões sociais e econômicas. Diferente do que algumas pessoas dizem, ao considerá-las como questão cultural. “As queimadas no estado são problemas de ordem econômica, pois tanto o médio como o grande e pequeno produtor rural as usam como instrumentos para baratear seus custos. Sociais, porque os cerca de 300 mil assentados que há no Estado e as comunidades indígenas, usam as queimadas como instrumentos para manter sua sobrevivência. Já que ambos não têm máquinas agrícolas para preparar a terra”.
Segundo Romildo, se o governo não agir rapidamente o mesmo problema que aconteceu em 2007 pode se repetir este ano. Mato Grosso esteve sob fumaça intensa durante 90 dias, A Prefeitura de Cuiabá, inclusive, teve que decretar situação de emergência. As queimadas ficam proibidas em todo o Estado entre os dias 15 de julho a 15 de setembro, nas localidades urbanas durante o ano todo.
Segundo o pesquisador, as medidas de prevenção são fundamentais para evitar as queimadas, por isso cada município tem que estar preparado para combater o início dos incêndios. Para isso, é necessário que se tenha uma com uma brigada composta por cerca de 20 homens treinados, com kits compostos por enxada, abafador, bombas postais e foice.
Os três municípios que mais tiveram incidência de focos de calor em 2007 foram Colniza, com 568; Vila Rica, com 300; e Nova Bandeirantes, com 279.