Cerca de 80% dos municípios mato-grossense afirmam ter problemas relacionados ao uso de crack. Os dados são de um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que apontou que 112 cidades mato-grossenses declararam enfrentar problemas de níveis alto, médio e baixo. Chamado de Mapa do Crack, o estudo faz parte do Observatório do Crack e é feito com base em dados fornecidos pelos próprios municípios.
Das cidades que declararam ter um alto índice de problemas está Cáceres, que faz fronteira com a Bolívia, por exemplo. Há também cidades turísticas, como Nobres e Chapada dos Guimarães. Também estão nesta lista Sorriso, Lucas do Rio Verde, Campo Novo dos Parecis, Barão de Melgaço, Rondonópolis e Água Boa.
Outros 49 municípios afirmaram ter problemas médios em relação ao uso do crack. Cuiabá está neste grupo, junto com Santo Antônio do Leverger, Primavera do Leste, Sinop e Pontes e Lacerda.
Por outro lado, 33 municípios alegaram ter nível baixo de dificuldades e, entre eles, está a vizinha Várzea Grande. Apenas as prefeituras de Cotriguaçu e Porto Alegre do Norte afirmaram não ter problemas com a droga e 27 municípios não repassaram informações. A droga, de baixo custo e efeito rápido, impacta diretamente nos índices de criminalidade, violência e outros problemas sociais.
Em Cuiabá, por exemplo, a dependência química é elencada pelos usuários como principal motivo para saída dos lares (56,8%), seguido do conflito familiar (9,6%), que muitas vezes podem estar correlacionados (19,2%). Na área central da cidade é possível perceber os reflexos causados pela droga que, de acordo com a própria Secretaria de Segurança Pública do Estado, é onde se concentram os principais pontos do tráfico de drogas e de roubos a pessoas para a manutenção dos vícios.
O baixo preço é apontado por especialistas como uma das “atratividades” do droga, o que facilita a comercialização da mesma. No geral, uma pedra de crack é vendida por cerca de R$ 5.
Para o sociólogo Nildo Andrades, não há dúvida de que o crack está presente em todos os municípios do Estado. Segundo ele, o grande desafio é combater de forma eficiente com políticas voltadas para a educação, segurança e principalmente à saúde. “Ocorre que bate-se muito em cima da tecla da segurança, com foco no policiamento, que não deixa de ser importante, mas que não resolve o problema que para ser sanado precisa ser tratado como prioridade na saúde pública”.