O juiz da 3ª Vara Criminal, João Manoel Guerra, autorizou que Simone Simonin Relhes (foto), 52 anos, seja submetida a um novo exame de perfil psicossocial. O objetivo é avaliar se a ré está apta a voltar para o convívio social e se poderá continuar cumprindo sua pena de 52 anos e 6 meses em regime semiaberto. Ela está presa desde 2007, quando, em coautoria com o marido Nivaldo Moreira Kienen, matou, a marteladas e golpes de faca, Silvia Regina Bertolazi, 40 anos, e Renata Bertolazi Rodrigues, 13 anos. O casal também foi condenado pela tentativa de homicídio contra um menino de quatro anos, filho de Silvia.
O primeiro pedido de progressão de pena foi formulado pela Defensoria Pública em maio deste ano. O Ministério Público Estadual (MPE), no entanto, pediu o indeferimento da requisição “ante a não satisfação do requisito subjetivo”. No processo consta que a condenada tem bom comportamento na cadeia, porém, reprovou em alguns quesitos no exame psicossocial. No laudo, foi destacado ainda que “apesar da naturalidade na fala”, Simone não possui família, nem estrutura para reintegrar-se à sociedade. “Por não ter apoio familiar para lidar com eventuais situações de conflito, a sentenciada pode tornar-se uma pessoa agressiva e perigosa para o convívio no meio social”.
Em setembro, novo pedido foi formulado, mais uma vez reprovado por João Guerra, que determinou prazo de seis meses para outro exame. Agora, o magistrado autorizou que uma equipe formada por assistentes sociais, psicólogos e médicos avalie Simone novamente. A data ainda deverá ser definida pela Coordenadoria de Perícia em Vivos da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Simone foi condenada inicialmente a 56 anos de reclusão pelos crimes, no entanto, teve pena diminuída pelo Tribunal de Justiça. Ela também trabalha na cadeia e já teve vários dias descontados de sua sentença. O marido dela, inicialmente condenado a 48 anos, conseguiu diminuir a pena para 45 anos. Ele cumpre a sentença em regime semiaberto desde o ano passado.
De acordo com o que foi apontado durante a fase processual, as vítimas residiam na rua das Seringueiras, no bairro Jardim Botânico, quando o casal se mudou para uma casa próxima. Nivaldo teria se “sentido atraído por Sílvia, despertando, assim, os ciúmes de sua companheira, Simone”. Consta no processo que na noite anterior ao crime, os dois acabaram brigando por tal motivo, situação que fez Nivaldo expulsar a esposa de casa. Na manhã seguinte, os dois se reconciliaram, sob a condição de matarem Silvia, “por ela ser um empecilho à manutenção da vida em comum de ambos”.
O casal teria entrado no quintal da casa das vítimas por volta das 10h30 e foram atendidos por Renata. Imediatamente, ambos atacaram a adolescente com “violentos golpes de martelo no rosto e na cabeça”. Em seguida, deram marteladas na cabeça da criança de quatro anos, que desmaiou. Por fim, entraram no quarto de Sílvia e a mataram com golpes de faca e martelo. Segundo consta, “não satisfeitos prosseguiram nas agressões contra a vítima Renata, desferindo-lhe vários golpes de faca, causando-lhe inúmeras lesões”.
O caso chocou a população sinopense. O filho de Sílvia foi socorrido, passou por duas operações na cabeça e acabou sobrevivendo. Ele precisou passar por acompanhamento psicológico. Nivaldo e Simone foram presos dois dias após o crime e negaram envolvimento. Eles moravam há cerca de 100 metros da casa das vítimas.