Mato Grosso é o único estado do Brasil com 3 sorotipos da dengue circulante. Relatório do Ministério da Saúde mostra que a população local está exposta ao DEN1, DEN2 e DEN4 e corre mais risco de contrair a forma grave da doença. O balanço epidemiológico nacional da dengue realizado este ano em 536 municípios de 22 estados, por meio do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), aponta que a amostragem encaminhada por Mato Grosso ao MS contava com 50% dos casos positivos. Destes, 50% eram referentes ao DEN2, 25% de DEN1 e outros 25% de DEN4.
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou que o último sorotipo já está circulante em Cuiabá, Várzea Grande e região de Diamantino, especialmente no município de Nobres. A gestão pública investiga ainda se o DEN4 está presente nas cidades ao norte do Estado, como Sinop, Juara, Colíder e Sorriso. O primeiro caso foi identificado oficialmente pela SES este mês, em Várzea Grande.
O superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Oberdan Ferreira, reconhece que Mato Grosso é o único estado do país, conforme o MS, a contar com 3 sorotipos circulantes e acredita que isso ocorra por conta do trabalho de investigação realizado pela Secretaria.
Explica que, possivelmente, Mato Grosso tenha sido o único a conseguir fazer o isolamento a contento do vírus. “Nós fizemos um trabalho diferenciado nos municípios com maior concentração populacional, o que pode ter refletido neste dado”.
Em outubro de 2011, com a suspeita da chegada do DEN1, a SES desenvolveu uma metodologia de investigação com foco na coleta de sangue de pacientes dentro do tempo oportuno para isolamento do vírus. “Hoje, em 15 dias Cuiabá consegue dar o resultado dosexames. Antes, demora va até um ano”. Oberdan destaca que a maior preocupação com a quantidade de sorotipos em circulação no Estado é o crescimento da contaminação pela forma grave da dengue, uma vez que a população fica exposta a um maior número de vírus. “Não existe um sorotipo mais agressivo que o outro”.
O problema, conforme o superintendente, está relacionado à fragilização do organismo do paciente, que pode reagir de maneira insatisfatória no combate à doença quando é acometido por mais de um tipo de vírus. “Quando se adquire dengue mais de uma vez a situação é mais grave. Quando isso ocorre em um curto espaço de tempo, o problema pode ser maior ainda. O organismo já está debilitado e pode tentar combater o novo vírus de uma maneira equivocada, da mesma maneira que combateu o anterior. Mas cada sorotipo tem suas particularidades”, comenta Oberdan ao mencionar ainda que a associação de outras doenças também reflete na resposta do organismo à forma agravada da dengue.
Quanto ao alastramento dos novos sorotipos (DEN1 e DEN4) no Estado, Oberdan lembra que Mato Grosso tem cidades bastante urbanizadas e com crescimento desordenado, situação que favorece a propagação da dengue. Destaca que a circulação de pessoas entre as cidades locais e de outros estados também contribui para o fenômeno.
“Uma pessoa que viajou no Carnaval, por exemplo, e contraiu a dengue em outra cidade e volta para Mato Grosso, vai desenvolver os sintomas da doença aqui. Se ela for picada pelo mosquito transmissor já existe a possibilidade de que novas sejam afetadas dentro do Estado”.