A agência central da Caixa Econômica Federal (CEF) em Cáceres (a 220 quilômetros de Cuiabá) está ocupada desde a madrugada de hoje por cerca de 350 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Mato Grosso. A ação integra as jornadas de luta desencadeadas em todo o país pelo Movimento no Dia Internacional de Luta pela Reforma Agrária, 17 de abril (quinta-feira). O MST avisa que outras ações serão feitas em Mato Grosso, podendo haver conflito.
A idéia é denunciar que a dita reforma agrária feita no país nos últimos anos, a passos de formiga, não muda a cultura do latifúndio, das monoculturas, do capital no campo. A ação feita em uma agência, no caso a CEF, se explica pelo entendimento que os banqueiros são hoje a principal força financeira do país, contra os quais nada se faz. Para o MST, eles enriquecem à revelia da população mais pobre, urbana e camponesa.
No governo Lula, apenas 37 famílias do MST foram assentadas em Mato Grosso. “E em área de brejo” – lamenta Devanir Oliveira Araújo, da liderança do Movimento no Estado, se referindo ao assentamento Lourival Abich, em Pontes e Lacerda (a 450 quilômetros de Cuiabá).
Há hoje no Brasil 150 mil famílias do MST acampadas, em beiras de estradas, em áreas de instabilidade e risco. São mais que isso ainda, 230 mil, se somadas as de todos os movimentos em favor da reforma agrária, segundo dados oficiais, da Ouvidoria Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Um contrasenso se observarmos os dados do Incra/IBGE de 2003 que apontam para 120 milhões de hectares de terras improdutivas no Brasil e 130 milhões de hectares de terras devolutas. Terra tem – é o que pensa o Movimento. Mas não vontade política para enfrentar o latifúndio.
A principal reivindicação da luta de hoje e dos próximos dias, segundo o MST, é por casas para morar. Quem reivindica são assentados. A demanda para habitação rural é de 100 mil unidades. O governo Lula prometeu 31 mil e foram contratadas apenas 8 mil unidades, sendo que somente 2 mil foram destinadas para assentamentos.