O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificará, amanhã, a luta em Mato Grosso, para pressionar o governo estadual em relação às reivindicações protocoladas pelo Movimento, e o Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra). Desde o dia 10 de abril, 350 homens, mulheres e crianças do MST estão acampados no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, para cobrar reforma agrária.
Essas pessoas estão dispostas a ficar acampadas no trevo por tempo indeterminado, apesar das dificuldades estruturais do acampamento, da comida limitada, dos insetos, dos outros riscos. Um dos pontos de pauta é o assentamento imediato de 2.500 famílias, que há anos vivem em situação de insegurança em acampamentos no interior do Estado, onde a habitação são casas de lona preta.
Outra reivindicação é assistência técnica para as famílias que já foram assentadas. "Não adianta apenas jogar o sem terra em um lote e depois exigir que ele produza da noite para o dia sem qualquer apoio", diz Antônio Carneiro, da Coordenação do MST em Mato Grosso.
Segundo ele, "fazer a reforma agrária é mais que favelizar o campo, é investir na agricultura familiar, entendendo que isso significa comida boa e barata na mesa do brasileiro e a diminuição da violência e da miséria nas cidades nas cidades". Conforme o MST, "essa responsabilidades é do poder estatal, tanto Estadual quanto Federal".
"São esses mesmos poderes que concedem enormes privilégios aos grandes proprietários e grileiros do agronegócio. Mas para nós eles fingem que não têm condições? Aqui em Mato Grosso é preciso que esse governo cumpra o que prometeu nas eleições que foi o fortalecimento da agricultura familiar já que até agora foi só promessa. Estamos cansados de tantas mentiras. Esse abandono da agricultura familiar em Mato Grosso e da falta de assentamentos pode agravar a situação e provocar sérios conflitos e os políticos irão dizer que não sabiam, ou somos nós os culpados", destaca Carneiro.
Nesse mês de abril, o MST faz as jornadas de lutas em todo o Brasil, para lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, em que, há 15 anos, 19 sem terra foram assassinados no Pará. Pistoleiros continuam impunes até hoje. As jornadas de lutas também intencionam colocar na pauta do país a urgência da reforma agrária na luta contra as diferenças sociais, que criam nas cidades um problema cotidiano: a violência urbana.