Um grupo de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ocupava a fazenda do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, há dois dias, invadiu os trilhos da Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte), em Rondonópolis. A ocupação ocorreu, esta madrugada.
Ao menos 240 pessoas estão desde às 5 horas ocupando parte dos trilhos que estão localizados a cerca de 3 quilômetros da fazenda da Amaggi. A mobilização ocorre em "luta pela reforma agrária", além de protesto contra as reformas trabalhista, previdenciária e de terceirização, propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB).
De acordo com a coordenadora estadual do movimento, Idalice Nunes, foi mantida a ocupação na fazenda e parte do grupo migrou para os trilhos da rodovia, como forma de fortalecer o movimento. A expectativa é de que a ocupação dure o dia todo.
“Essa ocupação faz parte desta ação que iniciamos há dois dias. Estamos lutando contra o agronegócio que só quer enriquecer os mais ricos, empresários e produtores, enquanto esquece-se da população dos mais pobres. O próprio ministro Maggi representa o interesse destes que querem a ampliação da Ferronorte”.
Com a ocupação, o trem que seguia viagem parou a cerca de 1 km do movimento e a segurança da ferrovia já esteve no local e iniciou o dialogo com os integrantes do MST. “Nossa intenção é permanecer o dia todo bloqueando a ferrovia; porém, já iniciaram a mobilizam para nos retirar, mas tentaremos nos manter firme”, disse.
Para Idalice Nunes, o bloqueio da Ferronorte é fundamental, pois o modal de transporte representa tudo o que o movimento luta contra. Segundo o MST, a ferrovia não vai melhorar a qualidade do transporte das pessoas irá gerar mais riquezas apenas ao agronegócio.
Somente em Mato Grosso, a Ferronorte conta com terminal intermodal de cargas em Rondonópolis, Alto Taquari, Alto Araguaia e Itiquira. Além disso, o Governo do Estado discute a ampliação da linha, de Rondonópolis para Cuiabá.
“Pensando no desenvolvimento do agronegócio o estado fecha os olhos para a diversidade de problemas sociais e ambientais causados pelos transportes ferroviário de carga, como os impactos amplamente denunciados pela articulação justiça nos trilhos, em relação ao trem da vale”, afirmou o MST por meio de nota.
Ainda segundo a nota, o setor de transporte já recebeu "milhões" em investimentos, enquanto os Governos do Estado e União “tiram” direito da população especialmente dos trabalhadores rurais e do serviço público.
“A Ferronorte e a Ferrogrão integram uma demanda de quatro ferrovias que ampliará o escoamento da soja produzida no Mato Grosso, o que não significará aumento da arrecadação do estado, pois o setor que será contemplado com esse investimento é o mesmo setor que nos últimos 17 anos recebeu quase R$ 40 bilhões em isenções”, diz trecho.