O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para investigar a utilização de agrotóxicos em Aripuanã, Brasnorte, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juara, Juína, Juruena, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, Rondolândia e Tabaporã. O objetivo da investigação, segundo a assessoria do órgão, é identificar o impacto sinérgico do uso de agrotóxicos nas comunidades indígenas e bens ambientais no período de janeiro a outubro de 2019 na região.
A decisão foi tomada com base em reportagem publicada em site na Internet que trata do uso intensivo de pesticidas no estado e que estariam sendo levados pelo vento, atravessando fronteiras. Na matéria, juntada ao processo, a indígena, da etnia Rikbatksa, Domingas Rikbatksa, explicou que seu povo já está sentindo coceira na pele, cheiro e gosto de agrotóxicos nos alimentos e na água. Os Rikbatksa vivem nas margens do rio Juruena, em Mato Grosso.
De acordo com o texto da reportagem, mulheres que vivem em aldeias indígenas, sítios e assentamentos, e que produzem alimentos a partir da agricultura familiar foram à Brasília em agosto deste ano justamente para manifestar sua indignação com a monocultura e o uso intensivo de agrotóxico no estado. Elas afirmaram que estão sendo expostas à contaminação pelos pesticidas, por meio do processo de pulverização aérea das grandes lavouras, o que faz com que o veneno acabe se espalhando pelo ar.
Com a instauração do procedimento, o MPF em Juína oficiou o Ibama para, em 15 dias úteis, informar se há alguma análise sobre o impacto ambiental do uso de agrotóxicos na região e, em especial, se há alguma investigação ou análise de danos ambientais decorrentes de agrotóxicos em terras indígenas ou demais bens ambientais.