O promotor de Justiça da Comarca de Peixoto de Azevedo, Adriano Roberto Alves, esclarece que não pediu a prisão dos pilotos americanos Joseph Lepore e Jean Paul Palladino. Eles estavam a bordo do avião Legacy 600 que colidiu com o Boeing 737-800 da Gol na sexta-feira (29). De acordo com Alves, o pedido de detenção é apenas uma das providências que poderiam ser tomadas se houvesse comprovação de desligamento do ‘transponder’, equipamento anticolisão que reconhece a proximidade de outra aeronave por meio de sinais de alertas sonoros e visuais. Enfatiza, no entanto, que a hipótese só poderia ser cogitada após recebimento das perícias, depoimentos dos controladores e planos de vôo dos aviões ou mesmo após a conclusão do inquérito policial.
Ontem, a Justiça de Mato Grosso atendeu pedido do Ministério Público referente à apreensão dos passaportes dos pilotos. Os dois estão impedidos de saírem do Brasil até que seja concluído o inquérito policial que investiga as causas do acidente aéreo. ‘É necessário preservar as duas importantes testemunhas do evento’, explica. Também justifica a solicitação pela suspeita de que a colisão tenha sido causado por falha humana. ‘Embora o motivo da tragédia não esteja devidamente esclarecido, as investigações apontam para a possibilidade de falha dos controladores de vôo, ou do piloto da Gol ou o do Legacy’, explica.
Acrescenta que o impedimento ocorre pela necessidade de preservação de provas. ‘Os testemunhos dos pilotos serão essenciais no momento em que houver confronto das perícias e de outros depoimentos, já que são estrangeiros e a saída do Brasil pode dificultar ou atrasar em anos as investigações’.
O Boeing 737-800 da Gol caiu a cerca de 200 quilômetros de Peixoto de Azevedo (690,9 quilômetros ao norte de Cuiabá) na sexta-feira (29), após colidir com o Legacy 600. O vôo da Gol transportava 155 pessoas, tendo saído de Manaus (AM) com destino ao Rio de Janeiro. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB) não há sobreviventes. Este é maior acidente aéreo da história brasileira. O último ocorreu em 1982, quando 137 pessoas morreram após queda de um avião da Vasp no Ceará.
O Legacy 600 partiu de São José dos Campos (SP) com destino aos Estados Unidos e faria escala em Manaus (AM). Após o acidente, o avião conseguiu pousar na base aérea de Cachimbo, no Pará.