A peça teatral ‘Inocentes Pétalas Roubadas’ foi apresentada, hoje, para alunos de escolas públicas de Sinop, no auditório da Unemat, e faz parte do projeto ‘Prevenção Começa na Escola’, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. O procurador de Justiça Especializada em Defesa da Criança e do Adolescente, Paulo Roberto Jorge do Prado, informou que “esse projeto nasceu depois de uma reunião que nós tivemos em Cuiabá com vários promotores do Estado, e todos retratavam que tinham aumentado muito questões como bullying e racismo, destruição do patrimônio publico e especialmente e infelizmente a violência, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Chegamos a conclusão que nós precisávamos orientar”, detalhou, ao Só Notícias.
Prado acrescentou que muitas meninas e meninos desconhecem o que é o abuso porque, na maioria das vezes, o abusador é algum familiar ou pessoa muito próxima, com uma relação de afetividade, o que dificulta a constatação por parte da criança, que pode confundir o ato com ‘carinho’, por isso a importância da participação das escolas. “Lá na escola ela [a criança] vai encontrar alguém que vai propiciar essa possibilidade de contar o que está acontecendo”, apontou.
A peça orienta e de forma lúdica, prendendo a atenção da criança, mostra a ela que há meios para buscar ajuda. Retrata como contatar a rede de apoio pelos telefones, ligando para os números de denúncia, como o disque 100, o 127 do Ministério Público, 190 da Polícia Militar, 197 da Polícia Civil e outros. “Geralmente, em todas as apresentações, no final uma menina ou um menino acaba procurando a professora para desabafar”, conclui o procurador.
Segundo o promotor de justiça da Vara Especializada da Infância e Juventude de Sinop, Nilton Padovan “dentro da escola na maioria das vezes é onde se revela o abuso sexual ocorrido dentro de casa. A criança e o adolescente contam para os professores, coordenadores, tia da limpeza e da merenda, em quem ele tem confiança e depois daí chega até nós. Essa peça teatral visa passar para os estudantes que existe uma rede de proteção por trás disso e que esse aluno pode confiar, porque nós vamos tomar providencias”, expôs.
Padovan acrescentou que, em Sinop, a rede de proteção, composta por profissionais da segurança pública, judiciário, assistência social, educação, conselho tutelar e outras instituições atua no primeiro momento para proteger a criança vítima de abuso e, no segundo momento, para responsabilizar o agressor. “Normalmente, essa responsabilização se dá através da prisão do agressor, então essas duas coisas a gente busca concomitante através da rede, mas claro, sempre o principal é tirar a criança da situação de risco deixando-a salva”, declarou. “Alguns casos exigem tratamentos psicológicos e, de novo, a rede tem que intervir para que, se a família não tiver condições de contratar um psicólogo, o poder público ofereça esse tratamento psicológico para essa criança”, concluiu.
A peça foi apresentada pela manhã e esta tarde. Assistiram cerca de 650 adolescentes, entre 12 a 14 anos, das escolas da rede estadual, Cleufa Hubner, Ênio Pipino, Nilza de Oliveira, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Olímpio João Pissinati Guerra, Edeli Montovani, Renee Menezes, São Vicente de Paula e das escolas da rede municipal, Uilibaldo Vieira Gobbo, Rodrigo Damasceno e Silvana.
As próximas cidades onde o projeto levará a peça ‘Inocentes Pétalas Roubadas’ são Colíder, Claudia, São Felix do Araguaia, Água Boa e Paranatinga, Sapezal e Diamantino.