Três pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Barra do Bugres, participam de uma pesquisa ligada ao Probiomat (Programa de Biocombustíveis do MT) para estudo do funcionamento de motores movidos a biocombustíveis (entre os mais comuns: soja, girassol e dendê).
Experimentos com a frota cativa de veículos da empresa Barralcool, empresa de Barra dos Bugres, estão sendo realizados com o objetivo de analisar o grau de emissão de gases, a opacidade, o desgaste e o desempenho dos motores nas mais diversas porcentagens de utilização e concentração da mistura, como: o B20 que possui 20% de biocombustível misturado ao óleo diesel, o B50 que possui 50% de mistura, o B2 que possui 2% ou o B100 que é 100% biodiesel.
Conforme explica o engenheiro eletricista Flávio Telles, que coordena a pesquisa em conjunto com os pesquisadores Dulcidio Mangueiro e Alessandro Mundim, com o uso do biocombustível B20, por exemplo, foi constatado que este composto tem mistura homogênea, e os veículos que o utilizam não apresentaram nenhuma discrepância na emissão de gases e houve uma redução de 18% em média na opacidade em comparação ao diesel. Quanto ao consumo, não foram observadas variações significativas com a utilização do biodiesel.
O projeto foi elaborado em 2004 sob a coordenação da Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso) e foi aprovado pela Finep que é o órgão financiador. O pesquisador informou que novos testes de força e desgaste ainda serão realizados em motores de potência de 10 CV e anunciou que dois motores estacionários já foram adquiridos. A próxima etapa é a construção de um laboratório para as experimentações.
MT na rota tecnológica
Telles afirma que o Estado possui uma boa colocação no cenário nacional quanto a produtos que podem se transformar em biocombustíveis, mas no quesito testes e validação do biocombustível, MT está apenas no processo inicial de estruturação de uma rede de laboratórios para estes testes.
Além da soja, que é a principal oleaginosa produzida no MT, Telles cita a cultura do girassol como outra fonte para a extração de óleo vegetal para uso como biodiesel. O girassol tem 40% de oleosidade contra apenas 19% da soja. De acordo com o pesquisador, em alguns perfis de produção, como por exemplo os agricultores familiares dos assentamentos, o girassol além de oferecer maior percentual de produção de oleosidade, também seria uma melhor fonte de renda para estes trabalhadores rurais.
Além da soja e do girassol, outros produtos agrícolas que também possibilitam a retirada de óleos vegetais para a fabricação de biodiesel estão o algodão, o milho e espécies naturais que também possuem alta concentração de óleo, como: tucumã, açaí, babaçu, piaçava e buriti.