Faleceu, hoje, em São Paulo, o sacerdote jesuíta Casimiro Irala Arguello, no primeiro domingo do Advento. Ele tinha 88 anos e estava hospitalizado. A causa não foi confirmada.
Irala fez, por 68 anos, parte da Companhia de Jesus. Nasceu em Assunção (Paraguai), pouco antes de completar 20 anos, em janeiro de 1956, ingressou no Noviciado da Companhia de Jesus na Bolívia. Em 1966, foi enviado ao Brasil para realizar estudos teológicos no Colégio Máximo Cristo Rei, em São Leopoldo (RS). Sua ordenação presbiteral foi em dezembro de 1968, foi destinado para o Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, para atuar como acompanhante espiritual de alunos onde permaneceu por dois anos. Em 1971, foi enviado para colaborar no Centro Social Presidente Kennedy, em Campinas (SP). Era membro da comunidade de Itaici (SP), onde estabeleceu-se no ano seguinte e permaneceu até 1978, colaborando com o apostolado de mídia e comunicação social. Em colaboração com o padre Haroldo Ham no Treinamento de Liderança Cristã (TLC), fundou o TLC Musical, informa a assessoria dos Jesuítas.
De volta o Rio de Janeiro, em 1978, padre Irala trabalhou como acompanhante de Exercícios Espirituais na pastoral universitária da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) até 1985, quando foi chamado de volta a sua província de origem. Por cinco anos, colaborou no Cias Cristo Rey e no Colégio São Francisco Javier, em Encarnación (Paraguai).
Na sua primeira passagem no Brasil, nos anos anteriores, padre Irala desenvolvera bastante seus talentos artísticos e musicais e colocara tudo a serviço do Reino a partir da comunicação social. De enorme sensibilidade, compôs diversas canções, inclusive algumas que ficaram consagradas ao longo do tempo, como a Oração de São Francisco Xavier. Neste tempo, de 1967 a 1985, ele gravou pelo menos oito discos. Foi precisamente a oportunidade de potencializar este serviço que fez com que seus superiores o enviassem de volta ao Brasil, em 1990.
A “Oração de São Francisco de Assis”, de 1968, que fez parte da trilha sonora da novela “Velho Chico”, da Rede Globo em 2016 e foi interpretada por personalidades como Fagner, Ana Carolina, padre Fábio de Melo e padre Marcelo Rossi.
Padre Irala tinha um dom ainda mais precioso que a arte musical: a comunicação da Boa Nova. Ele desejava comunicar a mensagem do Cristo através da arte e seus muitos anos de acompanhamento de jovens nos colégios e na universidade, levaram-no a desenvolver uma pastoral que mais tarde se tornaria o grupo Oração Pela Arte (OPA). Ele percorria o país, principalmente entre as cidades de Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA), e reunia diversos jovens para explorar dons artísticos de diversos formatos, sendo o principal deles a música. Entre as pessoas que foram influenciadas pelo carisma do padre Irala há artistas importantes para o meio musical como padre Zezinho e o Grupo OPA, pelo qual passaram os publicitários Nizan Guanaes e Sérgio Valente, e a cantora Daniela Mercury. O grupo OPA teve grande alcance em várias cidades, como Curitiba (PR), São Paulo (SP), Bauru (SP), Varginha (MG), Rio de Janeiro (RJ), Brasília, Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Teresina (PI), além de Assunção (Paraguai).
Padre Irala participou também do início de outras atividades pastorais com jovens nos colégios, como a Semana Santa Jovem, em Itaici, e a Escalada, para adolescentes, em São Paulo, Salvador e Brasília.
Ao retornar do Paraguai, em 1990, ele foi destinado ao Colégio São Luís, em São Paulo. Permaneceu uma década exercendo o ministério do acompanhamento espiritual de jovens e de promoção dos encontros de Oração Pela Arte. Chegou a passar um ano (1993) na Associação do Senhor Jesus – TV Século XXI, em Valinhos (SP). De 1993 a 1998, estava destinado à Comunidade do Colégio São Francisco Xavier na cidade de São Paulo. Ao final de 1999, enquanto colaborava com as Faculdades Anchieta, em São Paulo, um novo projeto aquecia seu coração: estabelecer-se em Salvador.
A partir da capital baiana, o padre Irala continuou a animar e promover encontros do OPA em diversas partes. A produção musical ganhou novo impulso e oito discos foram gravados de 1999 a 2013, com a participação do Grupo OPA. Foi ainda neste tempo que ele foi aplicado à Província dos Jesuítas da Bahia (2000). Já neste período o seu estado de saúde demandava bastante atenção. Mas, felizmente, ele conseguiu manter as atividades pastorais até o ano de 2016. No ano seguinte, foi destinado para a Comunidade Nossa Senhora da Estrada, em São Paulo, para um melhor acompanhamento no cuidado de sua saúde ficando até hoje “quando foi abraçar definitivamente o amigo Jesus e tantos santos a quem ele cantou durante sua vida”, descreve a província dos Jesuítas no Brasil.
“Muito há que se dizer e louvar a Deus pela vida deste nosso companheiro. Mas a intenção aqui é uma breve biografia. Por isso, concluímos com um breve trecho de uma de suas canções, entre tantas bastante conhecidas nas atividades pastorais da Companhia de Jesus no Brasil”, acrescenta a província.
O velório inicia nesta segunda-feira (dia 02), de manhã na Capela Santíssimo Sacramento junto à Comunidade Nossa Senhora da Estrada, em São Paulo. Haverá missa às 15h. O enterro será, às 17h, no cemitério Santíssimo Sacramento, também na capital paulista.
“Muitos já me disseram que a vida que levo não vale a saudade nem vale a esperança. Muitos já me disseram que nada compensa ouvir o chamado do Deus da aliança, mas eu vou, eu vou” (trecho de canção de sua autoria)