O meteoro que foi visto em Cuiabá e outras cidades de Mato Grosso, na última terça-feira (16), tinha cerca de dez centímetros de diâmetro. O cálculo é do matemático Izaac da Silva Leite, que é membro da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), uma rede colaborativa sem fins lucrativos composta por voluntários.
Ao Só Notícias, Izaac explicou que o meteoro entrou na atmosfera terrestre a uma velocidade aproximada de 65 mil quilômetros por hora (18 quilômetros por segundo), gerando um brilho intenso até chegar a 30 quilômetros de distância do solo. Essa luminosidade, segundo o matemático, é que fez com que o meteoro visualizado no Estado seja classificado como um “bólido”, considerado um evento raro.
“A maioria dos meteoros tem o tamanho de um grão de areia. O bólido é um pouco maior. Com cerca de 10 gramas, ele gera uma luminosidade significativa. Ao entrar na atmosfera, há um atrito e ele vai se fragmentando com a liberação de gases. Vale destacar que esse bólido (visto em Mato Grosso) chegou a 30 quilômetros de distância do solo, o que é interessante por mostrar que ele conseguiu percorrer uma distância considerável na atmosfera. Geralmente, os meteoros não passam de 60 quilômetros de altitude”, explicou Izaac.
O matemático estima ainda que possíveis resquícios do meteorito caíram em áreas inabitadas entre os municípios de Nova Olímpia e Tangará da Serra, no Médio-Norte. Ele ressalta que, mesmo se tivesse caído em áreas urbanas, o meteoro não teria causado estragos. “É possível que tenham sobrado resquícios muito pequenos. Um grãozinho. Não existiria risco, talvez, no máximo, um telhado quebrado, mas nada muito estrondoso”.
Membro da Bramon desde 2014, foi Izaac quem registrou a queda do bólido em Mato Grosso e acionou a Clima ao Vivo, parceira da entidade, que captou as imagens por meio de câmeras instaladas em diversas cidades. “Eu fiz o registro, reportei o horário, o pessoal procurou no sistema deles e conseguiu achar. Não só em Cuiabá, como também Pontes e Lacerda e Alta Floresta. O bólido foi registrado por todas essas câmeras”, detalha.
Também foi Izaac o responsável pelo primeiro sistema de monitoramento da Bramon em Mato Grosso. Hoje, a entidade tem estações em São José dos Quatro Marcos – onde o matemático reside -, Rondonópolis e Matupá.
“O nosso trabalho é monitorar os meteoros. São câmeras de vigilância, que a gente altera a configuração para aumentar a sensibilidade, e consegue registrar o meteoro. Aí temos softwares específicos para analisar os dados gerados. Então, usando as estrelas como parâmetro, o software consegue calcular distância e altura do meteoro. No nosso caso, como estava muito nublado e não tínhamos as estrelas como referência, usamos as câmeras e fizemos a triangulação para estimar. Se mais uma estação Bramon tivesse registrado, a gente conseguiria até mesmo uma órbita, ou seja, o percurso que o meteoro fazia antes de entrar na atmosfera”, finaliza.