Com um aumento de 103% nos focos de queimadas em Mato Grosso, antes mesmo do período crítico da seca, a Secretaria do Estado de Meio Ambiente (Sema) antecipou os trabalhos de fiscalização. Este ano já são 6.871 focos detectados por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É mais que o dobro do registrado no mesmo período em 2009 (1º janeiro a 14 de junho), um total de 3.376. Crescimento que colocou o Estado no topo do ranking dos que mais queimam. No ano passado, ficou com a terceira posição.
A operação de combate, lançada nesta segunda-feira, mobiliza 40 bombeiros, policiais do Batalhão Ambiental e fiscais da Sema. Eles se dividiram em 10 equipes e vão percorrer os municípios onde foram detectados maiores números de focos de incêndio. Entre eles está Santa Carmem, cidade localizada a 535 km ao Norte, com pouco mais de 4 mil habitantes e mantida pela atividade agrícola. Até ontem o município teve 690 focos de calor detectados.Também estão na lista dos que mais queimaram os municípios de Tangará da Serra, com 649 focos; Querência do Norte com 499; Paranatinga com 361; e São Félix do Araguaia com 273 registros.
O coordenador de Fiscalização da Sema, Eduardo Rodrigues, afirmou que a maioria desses focos ocorre em assentamentos e terras indígenas. "O fogo é um marco cultural para os índios. É utilizado na caça e nos rituais. Então é difícil evitar. Quando temos queimadas nestas reservas precisamos de autorização da Funai para entrar e realizar o trabalho de contenção".
Mas apesar do aumento no número de incêndios, segundo ele, a expectativa é conseguir reverter este cenário e ter uma queda em relação a 2009. "Como a estiagem começou mais cedo no Estado, tivemos que antecipar esse trabalho para não perder o controle. Mas queremos encerrar o período proibitivo com menos focos do que 2009".
Ibama – O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), responsável pela fiscalização em terras indígenas, contrariou os dados repassados pela Sema e alegou que a maioria dos focos de incêndio ocorreram em grandes propriedades.
O coordenador estadual do Sistema de Prevenção Nacional e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), Cendei Ribas Berni, garante que, no ano passado, apenas 10% das queimadas foram em reservas. "As terras indígenas representam apenas 20% do território mato-grossense e somente 10% dos focos foram nestas áreas. No ano passado, eles também quiseram jogar a responsabilidade para os indígenas, mas sabemos que a maioria dos focos ocorre em fazendas".
Ainda, segundo ele, o Ibama capacitou 9 brigadas de combate a incêndios no Estado, 2 delas em aldeias indígenas, e que vão atuar durante todo o período proibitivo. "Além desse trabalho realizamos, constantemente, operações de fiscalização no Estado todo".