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Mato Grosso teve 5.888 estupros nos últimos cinco anos

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Com 5.888 registros de estupros nos últimos cinco anos, Mato Grosso contabiliza uma média de três vítimas de violência sexual por dia. Só em 2013 foram 1.403 casos no Estado, conforme dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em todo o país foram 50.320 casos.

Porém, o estudo frisa que somente cerca de 35% das vítimas costumam relatar o episódio às polícias, segundo pesquisas internacionais. “Assim é possível que o Brasil tenha convivido no ano passado com cerca de 143 mil estupros”, descreve trecho do documento. Em Mato Grosso, seriam 16.822 vítimas, ou cerca de 9 por dia.

Meninas com menos de 13 anos em situação de vulnerabilidade ou baixa condição social são as principais vítimas em Mato Grosso. A violência, geralmente, ocorre dentro de casa e os agressores são conhecidos ou familiares. A delegada Ana Paula Faria Campos, da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso de Várzea Grande, aponta que no ano passado sete mulheres denunciaram o estupro no município, enquanto 97 crianças foram vítimas.

Assim como no restante do país, ela destaca que em Mato Grosso existe uma subnotificação de casos, reflexo da vergonha da vítima, não entendimento do que está acontecendo e ocultação por parte da própria família que não quer se expor. “Muitas crianças, pela própria idade, nem entendem o que está acontecendo. Só vão saber que aquela violência não é normal quando algum adulto flagra”.

Como geralmente os agressores são pessoas próximas, como pai, irmão, tio, padrasto, avô, vizinhos e amigos, é comum a família tentar resolver o problema sem denunciar. “Acham que uma conversa vai colocar fim na agressão, mas não é isso que acontece. É comum durante as denúncias tomarmos ciência de outras vítimas feitas pela mesma pessoa”. A delegada reforça que a denúncia é sempre muito importante para não deixar o criminoso impune e impedir que outras pessoas sejam vítimas. “Muitas vezes a mãe chega com a criança e quando vai depor começa a chorar e conta que já foi vítima também, ou alguém da família. Se o agressor tivesse sido denunciado na primeira descoberta, isso não aconteceria”.

Sobre a condição social, Ana Paula explica que crianças e adolescentes de baixa renda acabam sendo presas mais fáceis pela própria dificuldade do dia a dia. “Infelizmente, são seduzidas por salgadinhos, doces, Play Station. Coisas que elas não têm em casa e são oferecidas pelos agressores, que nem sempre são violentos no começo. Eles agradam, são da confiança da vítima e acabam se aproveitando disso”. Raramente os violentadores confessam, porém os relatos das vítimas servem como provas. “As crianças contam detalhes que não teriam como saber se não tivessem sido abusadas”.

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