Todos os dias, cerca de 600 pessoas são vítimas de algum tipo de violência em Mato Grosso e registram a ocorrência. Entre os meses de janeiro e setembro, conforme a Polícia Judiciária Civil, 161 mil boletins de ocorrência foram feitos nas delegacias dos 141 municípios. Somente em Cuiabá e Várzea Grande, diariamente são registradas cerca de 260 ocorrências.
Um dos maiores problemas para o combate à violência, segundo o delegado geral da PJC, Paulo Rubens Vilela, é a falta de efetivo. Atualmente, a instituição possui um déficit de 2.952 policiais. Nos últimos 8 anos, foram incorporados ao efetivo 1.174 novos investigadores, escrivães e delegados. Em contrapartida, 699 deixaram a atividade.
Ainda este ano, a diretoria vai ter um incremento de 226 novos escrivães e 90 investigadores aprovados no último concurso e que estão na academia. Outros 60 delegados devem iniciar a formação no próximo ano. “Já solicitamos ao governo a abertura de 1.660 novas vagas no ano que vem com um novo concurso. Enquanto isso, vamos otimizando os trabalhos e realizando operações para amenizar o déficit”.
A situação é mais crítica em muitas delegacias do interior, onde não há delegados e todos os trabalhos são feitos por 2 ou no máximo 4 policiais. Em todo o Estado, estão na ativa 1.745 investigadores, 389 escrivães e 198 delegados.
Produtividade – Diante desta baixa, a produtividade da instituição também teve queda. No ano passado, o número de inquéritos concluídos caiu 4% em relação a 2009. Este ano, de janeiro a setembro, também houve redução. Enquanto nos 9 primeiros meses de 2010 foram 22.640 procedimentos concluídos, este ano, neste mesmo período, foram 19.405, 14% abaixo.
As prisões também caíram. Em 2010 elas foram 7% menores que em 2009. Já este ano, foram 1.798 a menos até setembro. O mesmo ocorreu com a quantidade de mandados de prisão cumpridos. Para o delegado geral Paulo Rubens Vilela, este cenário só será revertido com o incremento no efetivo e também melhorias na estrutura da Polícia, seja nos prédios e até nos salários.
Militar – Realidade que não é diferente na Polícia Militar. Entre os anos de 2004 e 2010, a corporação atuou com metade do efetivo necessário. Este ano, com o incremento dos novos soldados aprovados em concurso, o quadro passou para 7.017 militares, 62% do considerado ideal. É o maior número desde 2006, quando 6.653 PMs estavam nas ruas. Este número caiu para 5.997 em 2010, um dos menores números dos últimos anos. Destes 7 mil, segundo o comandante geral coronel Osmar Lino Farias, 466 desempenham funções em órgãos públicos, restando 6.551 para o policiamento de rua. A meta do governo é elevar para 11 mil o número de soldados até 2014. Porém, o próximo concurso só deve ser realizado no ano que vem. Segundo o coronel Farias, o orçamento deste ano não é suficiente para realizar um novo certame.
Prazos – A cobrança da realização imediata de um novo concurso foi feita durante audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa. O deputado estadual Walace Guimarães (PMDB) ressaltou que “não se pode fazer segurança pensando em 2014, é preciso novos concursos com urgência”.