Os desafios para zerar o desmatamento em Mato Grosso e cumprir as metas assumidas pelo Estado na última Conferência do Clima (COP 21), realizada em Paris, no final de 2015, serão debatidos com representantes dos poderes executivo e legislativo, da sociedade civil, da academia e de organizações dos setores econômicos em uma audiência pública nesta terça-feira (14), a partir das 8h30, na Assembleia Legislativa.
A audiência pública ‘O futuro de Mato Grosso livre de desmatamento’ contará com apresentações e debates sobre a importância da Amazônia para o clima, com a participação especial do cientista Antônio Nobre, além de temas como a expansão agrícola e as mudanças climáticas, análise e perspectivas da situação do desmatamento em Mato Grosso nos últimos anos, a Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) e de combate ao desmatamento no estado.
De acordo com Sérgio Guimarães, analista sênior do Instituto Centro de Vida (ICV), é preciso discutir com a sociedade sobre a importância da preservação da Amazônia. “O desmatamento zero é, cada vez mais, um compromisso global necessário e urgente diante do crescente reconhecimento dos diversos benefícios das florestas para o clima e produção de alimentos. Por isso é uma meta perseguida por vários acordos internacionais, governos e cadeias produtivas em todo o mundo e a sociedade precisa conhecer e se posicionar frente a esse desafio”.
Mato Grosso é protagonista mundial na produção de grãos e a perspectiva é ampliar essa produção na próxima década, mas, para isso, é fundamental garantir o equilíbrio do meio ambiente, com conservação das florestas e recursos naturais.
Com as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, os compromissos das empresas globais de estabelecer cadeias de fornecimento sem desmatamento, o aumento das taxas de desmatamento em Mato Grosso nos últimos anos pode comprometer um cenário de oportunidades para o estado. Portanto, zerar o desmatamento continua sendo o principal desafio a ser resolvido.
Para enfrentar esses desafios, uma coalização formada pelo governo, organizações de sociedade e de setores produtivos elaboraram a Estratégia PCI. Ela contém um pacote de medidas para zerar o desmatamento ilegal no estado até 2020, prevendo a redução de 90% da taxa geral no bioma amazônico e 95% no cerrado. Na produção, o estado pretende substituir seis milhões de hectares de pastagens com baixo rendimento em áreas de alta produtividade. Para conservação, os principais pontos incluem, além da meta de reduzir o desmatamento, manter os 60% de vegetação nativa existente hoje no estado e recuperar dois milhões de hectares de áreas de preservação permanente (APPs). A parte de inclusão traz pontos ligados ao aumento, de 20% para 80%, da participação da agricultura familiar no mercado interno de alimentos, com a regularização fundiária em 70% dos lotes, com aumento do acesso ao crédito.