Mato Grosso está entre as 10 unidade federativas onde mais pessoas morrem em decorrência de descarga elétrica atmosférica (DEA). Com 126 mortes ocasionadas por raios, o Estado ocupa a 7ª colocação do ranking elaborado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Levantamento aponta mortes registradas nas últimas décadas (2000 – 2019). Este ano, alguns casos emblemáticos foram registrados, como de um ciclista que foi atingido por um raio na cabeça, em Sinop. Devido às circunstâncias, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas sobreviveu. No mesmo município, uma semana depois, uma DEA atingiu um pasto, matando 8 cabeças de gado.
Em se tratando de âmbito estadual, dos 10 municípios com maior densidade de descargas, 8 se concentram na região sul. A
cidade de Araguainha lidera a lista, seguida de Alto Taquari e Alto Araguaia. Questionado sobre o motivo da região sul de Mato Grosso ser a que mais recebe descargas elétricas, o físico Modesto Paiva, do Clima Tempo, explica que, provavelmente, essa região é composta por mais ambientes favoráveis a
receber as DEAs, como campos abertos, por exemplo. “Há também o fator agropecuário, já que 26% das mortes causadas por raios ocorrem no campo”.
O especialista esclarece que todos devem tomar cuidado com os raios, pois, apesar de parecem distantes da terra, podem chegar com rápida velocidade ao solo. “Eles percorrem 340 metros por segundo e a intensidade média é de 20 mil ampères, o que corresponde a mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico”.
Paiva ainda lembra que estudos apontam que as descargas elétricas naturais costumam ocorrer mais durante o verão e a primavera, período do ano em que as altas temperaturas e umidade do ar favorecem a formação de tempestades e raios. “Isso não significa que as descargas não ocorram durante outono e inverno, até porque temos registros de fatalidades por
raios nessas estações”.