Milhares de cidadãos devem voltar às ruas hoje, em Cuiabá, em sintonia com pelo menos outras 378 cidades do país, sob o movimento nacional “Vem Pra Rua”. São brasileiros indignados com a conjuntura política e econômica do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A bandeira principal, pela eficiência da gestão pública, transparência e pelo fim da impunidade no combate à corrupção, será reforçada nessa edição com pedidos como o do enxugamento da máquina pública em Brasília, com redução de ministérios. Na Capital, a concentração será na Praça Ipiranga, com saída prevista às 16h, em direção à Avenida Mato Grosso.
Um dos organizadores do ato, o empresário Célio Fernandes, observa a expectativa de reedição ou ainda mais participantes do verificado na manifestação ocorrida na Capital em março, quando a Polícia Militar contabilizou cerca de 25 mil integrantes, e o próprio grupo organizador, aproximadamente 40 mil em dados extra-oficiais.
Em Mato Grosso, segundo levantamento do Vem Pra Rua, devem ocorrer protestos em outros 7 municípios: Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Campo Verde, Canarana, Rondonópolis e Sinop.
Na defesa pelo impeachment da presidente Dilma, não sendo um entendimento unânime, existem pedidos para que “ela mesma renuncie”. O empresário ressalta interpretação de que “o foco é no mesmo sentido que outros atos, no sentido de que as pessoas que estão indignadas demonstrem isso através da participação no movimento. Pedimos a redução de 39 para 20 ministérios, afastamento do ministro Dias Toffoli das investigações do Petrolão porque entendemos que ele está sob suspeição, e ainda que a presidente Dilma mude a política que vem conduzindo de mandar recursos para alimentar países como a Venezuela e Cuba, em regimes ditatoriais, porque condenamos a ditadura”, assinalou.
Destacou ainda que a manifestação deste domingo visa combater a impunidade, buscando um Estado de real transparência e eficiência da gestão pública, o que na prática, significaria reflexos positivos em termos de políticas dirigidas ao cidadão. “Quando se fala em política, existe uma influência no sistema e nos reflexos para a população. O governo e outros são responsáveis por esse quadro que está aí, na política e na economia. A presidente Dilma deve pedir para sair, porque ela não está demonstrando liderança e capacidade para lidar com essa situação. O país precisa de alterações. No mínimo a renúncia. A renúncia seria bom para o país”, disparou Célio Fernandes.
Acrescentou ainda que o atual quadro econômico verificado no país, com aumento da tarifa de energia elétrica, do combustível e dos alimentos, coloca a população em posição de alerta. “Não existe nenhuma perspectiva ou tendência para melhorar. É necessário que haja uma profunda mudança, e o Congresso deve exercer seu papel”, disse Célio Fernandes.
Na semana passada, a Secretaria-geral do Senado recebeu uma denúncia de crime de responsabilidade contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Procurador da Fazenda Nacional, Matheus Feria Carneiro, é responsável pela denúncia, ressaltando que realizou o ato na condição de cidadão, não em função do cargo que ocupa. “Vim aqui exercer um ato de cidadania, com as prerrogativas que a Constituição me dá, buscando restabelecer o sentimento de que os agentes públicos devem prestar contas a seus administrados e a seus jurisdicionados. Acho que este ato pode ser o início de um novo paradigma, de outros cidadãos fazerem o mesmo também. Eu sou só mais um”, explicou conforme assessoria do Senado. Carneiro argumenta que o ministro Toffoli teria incorrido em crime de responsabilidade ao participar de julgamentos em que deveria ter declarado suspeição. O procurador cita o caso específico do Banco Mercantil, onde o ministro contraiu empréstimo em 2011. Posteriormente, Toffoli participou de julgamentos que envolviam o banco.