Completando um mês do naufrágio de uma chalana no Pantanal mato-grossense, que causou a morte de 9 pessoas, a Marinha do Brasil prepara a conclusão do inquérito técnico instaurado para apurar as razões que levaram a embarcação a afundar no rio Cuiabá, na região de Porto Cercado, na madrugada do dia 9 de março.
O inquérito técnico é conduzido em Mato Grosso pelo comandante da Agência Fluvial de Cuiabá, capitão-de-corveta Paulo Mendes. Conforme ele, o laudo pericial da Marinha deve ser anexado ao inquérito na sexta-feira e ele prevê que até a próxima semana conclua todo o trâmite. “Queremos ver se até a próxima semana o inquérito esteja concluído e encaminhá-lo para a Capitania dos Portos do Pantanal, em Ladário (MS)”, disse o capitão.
O comandante adiantou ainda que a chalana não tinha autorização para o transporte de passageiros – no dia do acidente a embarcação transportava doze turistas que iam pescar na barra do rio Piquiri, no Pantanal. O comandante da embarcação, José Gonçalo, não tinha habilitação obrigatória para a função e o auxiliar tem habilitação mas, não de acordo com o porte da embarcação na qual estava atuando.
Entre os fatores levados em consideração na apuração técnica do inquérito da Marinha está a modificação realizada na estrutura da chalana, embarcação construída em 1973. O comandante da Agência Fluvial de Cuiabá informa que tanto falha humana como técnica podem ter contribuído para o acidente.
Dois inquéritos foram instaurados para apurar as razões e causas do naufrágio da chalana Semi Tô a Tôa, um da Polícia Judiciária Civil apura as responsabilidades do acidente e se houve imperícia, imprudência ou negligencia e está sendo conduzido pelo delegado de Poconé, Valter Cardoso. No outro, a Marinha apurou as razões técnicas, com a realização de perícia na embarcação, depoimentos de sobreviventes, investigação de documentação da chalana e dos condutores.
Içamento e sinalização – Norma da Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil estabelece passos para a retirada da embarcação do fundo do rio. Como a chalana está em um canal de navegação do rio, o içamento deve ser realizado pela Marinha.
O local do naufrágio foi balizado pela Agência Fluvial de Cuiabá, com a sinalização também das margens esquerda e direita do rio Cuiabá, com a instalação de faixas reflexivas nas margens e de um sinalizador no ponto onde está naufragada a embarcação.
O naufrágio da chalana Semi Tô a Tôa causou a morte de 9 pessoas, duas tripulantes e sete turistas. Treze pessoas sobreviveram. O trabalho de resgate das vítimas, que durou quatro dias, envolveu mais de 60 militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Polícia Militar e Marinha do Brasil, além de voluntários.