Os funcionários dos Correios permanecem em greve, informou o comando de negociação da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) nesta segunda-feira, após nova reunião com a diretoria da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos).
Segundo José Gonçalves, um dos representantes da Fentect nas negociações, a estatal avançou na proposta quanto à assistência médica e auxílio-creche, mas manteve a posição em relação à questão financeira. “A greve continua. (…) Os sindicatos estão reunidos para apreciar a proposta, mas a orientação é manter a greve”, disse Gonçalves.
A estatal, por sua vez, estabeleceu que se até amanhã ao meio-dia os funcionários não voltarem ao trabalho, vai recorrer ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) para ajuizar dissídio coletivo. Com a iniciativa, os Correios vão buscar a conciliação judicial, que é uma alternativa para questões não solucionadas pela negociação direta entre as partes.
Segundo informou a empresa, por intermédio de sua assessoria de imprensa, caso este seja o meio encontrado para resolver o impasse, os trabalhadores terão perdas em relação à última proposta feita pela estatal.
Na reunião desta tarde, a empresa considerou fazer compensação das horas não trabalhadas (sem corte do ponto) se os funcionários retornem às atividades nesta terça-feira, até as 12h. Caso contrário, o ponto será cortado.
Negociação
Em greve desde a última quarta-feira, os profissionais dos Correios não aceitaram até o momento as propostas feitas pela diretoria da estatal que prevêem abono de R$ 400 e um vale-alimentação extra de R$ 391 em dezembro, reajuste de 3,74%, inclusão dos pais de novos funcionários no plano de saúde e auxílio-creche para até 7 anos de idade.
A direção dos Correios também ofereceu aumento linear de R$ 50 e isonomia no parcelamento da devolução do adiantamento de férias em até 5 vezes e reajuste dos valores de todos os benefícios e gratificações, variando de 13,33% a 5%.
O sindicato pede reajuste de 47,77% como reposição de perdas salariais do período de 1994 até hoje, um aumento linear de R$ 200, a negociação do plano de cargos e salários para a estatal e a contratação de mais 25 mil funcionários, em especial para o setor operacional.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos do Distrito Federal, Moysés Leme Silva, afirmou nesta segunda-feira que os funcionários paralisados não suspenderão a greve por causa da ação judicial.
Atendimento ao público
Segundo a assessoria de imprensa dos Correios, estão paralisados 12 mil carteiros, 1.000 operadores de carga e 386 motoristas –20% do efetivo. A adesão, conforme o comando de greve dos trabalhadores, atinge 24 Estados e o Distrito Federal –pouco mais de 80% dos funcionários.
“Recebemos um informe de que os funcionários do Espírito Santo entraram em greve e, agora, são 24 Estados mais o Distrito Federal”, disse Gonçalves.
As agências dos Correios estão funcionando normalmente. Porém, não são aceitos produtos Sedex 10 e Sedex Hoje –todas elas fixam prazos de entrega, que não podem ter garantia de cumprimento por causa da adesão à greve mais forte no setor de distribuição e entre os carteiros.
Contas a pagar
A pessoa que possui contas a vencer e que as receberiam nos próximos dias pelos Correios devem procurar os credores para obter outra forma de pagamento. Segundo o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), a greve não significa que o cliente pode pagar seus débitos após o vencimento –a decisão depende da empresa que tem contas a receber.
A orientação é para que o consumidor entre em contato com a empresa e solicite outra forma de pagamento –segunda via por e-mail ou fax, por exemplo. O cliente só fica isento de pagar na data caso a empresa não disponibilize outra forma de pagamento –o que deve ser documentado de alguma forma pelo consumidor para ser válido.