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Mais de 50% das escolas já registraram agressões de alunos ou professores em Mato Grosso

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Notícias mostram com frequência casos de violência em ambiente escolar ou no entorno. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2017, divulgado esta semana, confirmam a insegurança destes locais. De acordo como Anuário, em 55,8% das unidades públicas de Mato Grosso, estaduais e municipais, já ocorreram agressão física ou verbal de alunos contra professores e funcionários. Atentados contra avida estão no histórico de 2,2% dos diretores e professores. A porcentagem é pequena, mas em números são mais de 150 ocorrências. Outros 731 educadores se sentiram ameaçados de alguma forma também por alunos. Entre todos os dados, o mais alto é de alunos em conflito com outros alunos (72,8%). São brigas e acertos de contas, envolvendo, em alguns casos, também bullying.

Os dados têm como referência a Prova Brasil de 2015, levantamento do Ministério da Educação. E não param por aí. Em 34% das escolas locais, ou seja, um terço delas, o controle de entrada é regular, ruim ou simplesmente inexistente. Não há esquema de policiamento contra roubos e furtos em 11,7% ou contra o tráfico de drogas em 38,6%.

Do lado de fora das unidades, o controle do tráfico é ainda menor – em 49,1% dos casos não existem. Para piorar a vida de quem leciona ou estuda à noite, há problema de iluminação pública na rua em frente de 65,9% das unidades e em 26% das vezes não tem luz alguma.

Alunos em sala de aula sob efeito de drogas não é algo incomum e em 13,2% das escolas isso ocorreu no ano da pesquisa. Há casos também de alunos alcoolizados (6,5%) e armados (7,9% com facas e canivetes e 1,2% revólveres e demais armas de fogo).

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep), Henrique Lopes, entidade que articula docentes e funcionários, reafirma que a violência está na escola assim como está fora dela. Não seria real, na visão dele, ter um ambiente protegido interno, sendo que, ao colocar os pés para fora, teríamos que conviver com esse mal social. Ele é contrário à presença de policiais para resolver isso. “Isso se resolve não com polícia, mas políticas públicas e eu só vejo dois caminhos de mudança. Um deles é melhorando a situação socioeconômica das famílias e investindo em trabalho de investigação, para que aí sim, os policiais cheguem antes dos crimes, evitando que ocorram e afetem o ambiente escolar”, comenta o sindicalista.

No entanto, ele ressalta que a tônica da sociedade hoje em dia, como um todo, é a violência. “É briga entre vizinho, é briga no trânsito, é briga por qualquer motivo e a escola não é local privilegiado, mas parte disso tudo”, pontua.

Para ele, escolas privadas são mais “blindadas” contra violências, “mas não podem ser parâmetro, porque são frequentadas por uma casta e que tem acesso a medidas especiais”. As escolas públicas e como elas se encontram é que devem nortear as gestões tanto municipal quanto estadual.

Entre os casos que mais chamaram a atenção este ano está um registrado no final de outubro, quando um revólver calibre 38 com 4 munições intactas foi aprendido na Escola Estadual Governador José Fragelli, que funciona na Arena Pantanal. A arma foi levada para a unidade escolar por um adolescente de 14 anos, aluno do 8º ano, que alegou que só queria mostrar para os colegas. O estudante já vinha sendo monitorado após se envolver em uma confusão recente na escola. Em julho deste ano, outros dois estudantes tentaram matar um colega a facadas próximo da Escola Presidente Médici. O crime ocorreu no ponto de ônibus na avenida Mato Grosso. O estudante de 17 anos foi atingido com golpes nas costas e os dois alunos de 16 anos apreendidos com a faca.

Outro lado

O subsecretário de Educação do Estado, Edinaldo Gomes reconhece que o problema da insegurança existe, mas também diz que a escola é reflexo da sociedade. Reproduz o que ela constrói. “Se vivemos em uma sociedade violenta, as escolas também serão violentas, porque a maioria dos nossos estudantes não estão na maior parte do tempo nelas e sim fora delas e é claro que, convivendo com tipos variados de violências, acabam reproduzindo isso no espaço escolar”.

Gomes avalia que a Polícia Militar ajuda muito na segurança dentro e fora das escolas, mas vai depender muito do tipo de polícia que temos. Ele entende que a polícia mato-grossense é cidadã e educadora e, antes de tomar decisões mais severas, busca agir para reduzir a criminalidade.

No âmbito da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), segundo ele, há a crença de que a educação de modo geral só vai melhorar quando deixar de ser um problema do professor, do estudante, da escola ou dos governos e se tornar objetivo de todos. “Enquanto não mudar esta concepção de que a escola sozinha vai fazer essas transformações, isso não vai acontecer. É preciso repensar o processo educacional, a relação professor-aluno e também a participação dos pais no espaço escolar”.

Como forma efetiva para tentar enfrenta a violência, o governo do Estado lançou em outubro o projeto “Anjos da Escola”, após constatar um crescimento de mais de 50% dos crimes registrados dentro das unidades escolares. O objetivo do programa é diminuir a evasão escolar, melhorar os indicadores da educação e combater a violência escolar.

A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Cuiabá, mas não obteve retorno.

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