Pelo menos 101 madeireiras já foram identificadas no esquema de fraude que resultou na retirada e comercialização ilegal de 83.161,077 metros cúbicos de madeira em Mato Grosso. A atividiade rendeu aos fraudadores um lucro, aproximado, de R$ 58.314.694,16. A informação foi dada pelo promotor Domingos Sávio de Arruda Bastos, um dos responsáveis pelas investigações que resultaram na expedição de 75 mandados de prisão temporária e mais 8 de busca e apreensão em 17 cidades, em especial na região Norte – onde ocorre a atividade madeireira mais intensa
As investigações começaram há três meses. Sávio informou que foram apuradas a existência de Planos de Manejo Florestal Sustentável e de Projetos de Exploração Florestal fictícios, que existiam somente no papel mas que, na verdade, jamais foram executados, e que serviam, apenas, para gerar créditos florestais que eram lançados no sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais. Esses planos, na seqüência, eram vendidos para madeireiras que, por possuírem ou pretenderem adquirir madeiras retiradas ilegalmente da floresta mato-grossense, necessitavam daqueles falsos créditos para comercializarem esses produtos.
Em alguns casos a autorização de exploração florestal e/ou manejo florestal foram obtidos e a área respectiva sequer foi explorada, em outros a autorização de desmate foi obtida de forma fraudulenta, com uso de documentos falsos e, em outros no projeto de exploração florestal a área foi declarada como sendo de floresta e, após a vistoria, constatou-se tratar, na realidade, de cerrado. Em todos os casos os créditos obtidos foram comercializados. Para transportar tal quantidade de madeira, segundo cálculos apresentados pelo Ministério Público, seriam necessárias mais de 4 mil caminhões.
Os crimes praticados pela organização criminosa são de formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica, crime contra a administração ambiental. Segundo o delegado José Lindomar Costa, que acompanhou o início da Operação em Cuiabá, o exame minucioso de toda a documentação reunida durante as investigações realizadas com a instauração de seis inquéritos policiais, apontam para a existência de fortes indícios de uma verdadeira organização criminosa voltada à exploração ilegal de madeira.
Além de Sávio, trabalham nas investigações os promotores Ana Luiza Peterlini de Souza e Domingos Sávio de Barros Arruda, e, também, pelos delegados de Polícia, Genianmarco Paccola Capoani, Rogério Atílio Modelli e Wylton Massao Ohara.
“As atividades ilícitas vêm ocorrendo de forma sistêmica, com a utilização pelos seus integrantes da máquina estatal para obterem as licenças e autorizações necessárias para o funcionamento da “fábrica de papel”, que, depois de obtidos, são comercializados com alguns madeireiros, os quais esquentam a madeira, certamente já obtida por meios ilícitos” – explicou o delegado José Lindomar Costa, que acompanhou o início da Operação em Cuiabá.