Atualmente, o Estado de Mato Grosso possui 255 juízes, sendo que 91 são mulheres, perfazendo um total de 35,68%. Já o TJMT possui oito mulheres no cargo de desembargadora (26,6%): Clarice Claudino da Silva, Maria Erotides Kneip, Maria Helena Gargaglione Póvoas, Marilsen Andrade Addario, Maria Aparecida Ribeiro, Cleuci Terezinha Chagas, Serly Marcondes Alves e Nilza Maria Pôssas de Carvalho.
A atual gestão conta com duas mulheres na diretoria, fato inédito na história da instituição. Uma delas é a desembargadora Clarice Claudino da Silva, que ocupa o cargo de vice-presidente. Ela iniciou sua carreira na magistratura em 1988 na comarca de Poconé, jurisdicionando posteriormente nas comarcas de Alto Garças, Sinop e Cáceres, sendo eleita desembargadora em 2009.
“O direito nos possibilita aliar o legal ao justo. No caso das mulheres é possível usar a percepção feminina para interpretar as entrelinhas que nem sempre estão claras em uma audiência”, salienta. Uma das características pessoais da magistrada é a religiosidade. “Vivo no dia a dia aquilo em que eu acredito, seguindo a minha filosofia religiosa. Quero ser um exemplo para as pessoas que convivem comigo”, enfatiza a magistrada.
Ao longo da sua trajetória ela também foi professora da Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis/MT); presidente da Comissão Estadual do Movimento Permanente pela Conciliação; e coordenadora do projeto Justiça Comunitária. É de sua autoria o projeto que criou os Núcleos de Conciliação e Mediação, da qual é presidente.
A outra desembargadora que integra a diretoria da instituição é Maria Erotides Kneip, atualmente no cargo de corregedora-geral da Justiça. Ela está há quase 30 anos na magistratura, tendo atuado sempre na justiça criminal. “O lado mais difícil da profissão é deixar os filhos em casa ou em outra cidade enquanto precisamos trabalhar. Recebi diversas ligações na madrugada dos meus filhos que sentiam a minha falta e tive que tomar sempre uma decisão muito difícil entre seguir em frente ou desistir”.
Mãe de três filhos, a magistrada acabou ganhando o quarto por ‘adoção e destino’, como ela diz. “O amor é tanto que hoje não consigo estabelecer nenhuma diferença entre os meus quatro filhos”, afirmou a magistrada, contando que seu filho adotivo e sua nora estão agora na fila de espera para adotar o segundo filho.
À frente da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar no âmbito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso há um ano e meio, a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro tem trabalhado de maneira atuante para garantir a defesa dos direitos da mulher. “A igualdade entre os sexos fez com que os homens reagissem de forma negativa. Nosso estado enfrenta índices preocupantes de violência doméstica, talvez por uma questão cultural, mesmo após a publicação da Lei Maria da Penha”.
Conforme relatou a magistrada, o início da carreira foi muito difícil com a mudança para o interior com os filhos pequenos. “As mulheres que optam pelo trabalho precisam estar dispostas para conciliar com todas as outras atividades. Mas tudo que é feito com carinho e dedicação dá certo. A família é o sustentáculo da mulher para seguir em frente a cada dia de dificuldade”.
Já Maria Helena Gargaglione Póvoas é a segunda mulher a ocupar o cargo de desembargadora no Estado de Mato Grosso. A magistrada foi indicada pela OAB a integrar o quinto constitucional depois de presidir a instituição durante cinco anos, entre 1992 e 1997. Completando 10 anos de magistratura este ano, ela falou das dificuldades encontradas durante a carreira.
“As mulheres demonstraram toda a sua aptidão para a magistratura e mesmo diante de todos os percalços, como as jornadas cumulativas, conseguem conciliar a aplicação da lei com um olhar diferenciado para alguns casos da justiça como abuso de menores, idosos e saúde”, afirmou.
A mais nova desembargadora no TJMT é Nilza Maria Pôssas de Carvalho, que completou um ano no cargo no dia 28 de fevereiro de 2015. A magistrada ingressou no Poder Judiciário em 1989, sendo que os 25 anos da sua atuação foram em varas criminais nas comarcas de Rosário Oeste, Mirassol, Cáceres, Várzea Grande e Cuiabá. Na época em que prestou o concurso da magistratura, existiam apenas outras sete juízas em Mato Grosso.
“A mulher já nasce com a sensibilidade e a intuição feminina, o que possibilita outra visão para apreciar determinados casos no Judiciário. Consegui conciliar a minha profissão com a de mãe e a de dona de casa, me realizando como profissional e como mulher ao mesmo tempo, com muita coragem e persistência”, afirmou a desembargadora.
Atualmente atua na Quarta Câmara Cível (Direito Público), que trata de ações sobre saúde, execução fiscal, improbidade administrativa, concurso público, aposentadoria, desapropriações, entre outros.