A mãe de Isabele Guimarães Ramos (foto), 14 anos, assassinada com um tiro na cabeça, em julho do ano passado, comentou, hoje, a decisão proferida pela juíza Cristiane Padim da Silva, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, que determinou a internação da menor responsável pelo disparo a três anos de internação. Patrícia Guimarães Ramos avaliou como “assertiva” a decisão judicial e disse que a magistrada não deixou se levar pela “farsa montada pela família” da adolescente que atirou.
“Ao tomar conhecimento da sentença ontem, deixei escapar um suspiro dolorido que estava me angustiando e ancorando minha vida e a do meu filho em um martírio de sofrimento e de muito pranto. A justiça foi assertiva e descreveu perfeitamente o enredo baseado em perícias técnicas e listou de forma clara e objetiva a conduta criminosa, fria, hostil e desumana, da menor que assassinou a minha filha cruelmente, não se deixando levar pela farsa que desde o primeiro momento a família da menor infratora insistiu em montar para encobrir a crueldade do assassinato da minha filha”, afirmou a empresária, em nota divulgada à imprensa.
Patrícia ainda afirmou que o assassinato de Isabele não foi cometido “apenas” pela adolescente que atirou. “A assassina não apertou o gatilho da arma que ceifou a vida da Bele sozinha, esse crime começou bem antes quando a arma rodou pela cidade, nas mãos de outro menor, que como visto nas mídias sociais costumava sair armado, pasmem, esse menor levava a arma para a escola, na mochila junto com biscoitos!! Então não foi só uma ocasião como alegaram sendo um descuido, era uma conduta corriqueira, contumaz, sair de casa pela cidade, na escola, supermercados e outros lugares com a arma na mochila e posar de xerife nas fotos”.
A mãe de Isabele também utilizou a nota publicada para cobrar uma reflexão sobre a política nacional em relação às armas de fogo. “Lamento muito o fato de nossa sociedade estar convivendo com essa insanidade relapsa que coloca o poder de tirar vidas, com requinte cruel e covarde, nas mãos de menores, demonstrando como está errado o trato e a posse de armas no nosso país. As cenas e imagens já publicadas mostram exatamente a veneração do culto às armas pelas famílias envolvidas nesse crime, penso que essa tragédia anunciada poderia ter ocorrido com qualquer dos jovens frequentadores da casa dessas famílias”.
A adolescente de 15 anos que matou Isabele se apresentou à Justiça, ainda nesta terça-feira. Ela foi encaminhada para um quarto da ala feminina do Complexo Pomeri, em Cuiabá, onde ficará isolada por sete dias, como medida de prevenção ao contágio do coronavírus. Após o prazo, será integrada ao convívio das demais internadas, apesar de dormir em um quarto sozinha.
Conforme decisão judicial, a menor deve cumprir pena máxima de 3 anos, que pode ser revista e atualizada a cada seis meses. A adolescente foi punida por ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, e qualificado. Na sentença, a juíza cobrou prioridade absoluta para a internação da menor, além de citar que ela agiu com frieza e hostilidade.
Na última semana, o Ministério Público do Estado (MPE) denunciou o empresário Marcelo Martins Cestari e a esposa Gaby Martins Cestari, pais da adolescente que matou Isabele, pelos crimes de homicídio culposo, corrupção de menor, porte ilegal de arma, fraude processual e entregar arma para menor de idade. Caso condenados, eles podem pegar mais de 15 anos de prisão.