O presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou o número de adjetivos pejorativos para se referir aos envolvidos no caso da compra de um dossiê contra candidatos do PSDB.
Além de repetir que a atitude foi uma insanidade, disse também que foi uma “loucura” e que raiou a “imbecilidade”. Comentou ainda que o serviço de inteligência montado pelo PT “não era tão inteligente quanto se imaginava”.
Lula participou da série de entrevistas com os presidenciáveis promovida pela rádio CBN. Como na entrevista concedida ontem ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, o presidente optou por individualizar a responsabilidade pelo episódio da compra do dossiê.
“Essas pessoas se arvoraram no direito de achar que podiam fazer bem a alguém colocando na sua vida pessoal uma prática política condenável, porque não é possível que uma pessoa honesta faça negócio com bandido”, afirmou o presidente.
Alianças
Ao se referir às alianças feitas durante a campanha eleitoral, que o fizeram participar de eventos com ex-desafetos como Jader Barbalho (PMDB), Lula disse que gostaria de “fazer uma campanha onde só tivesse anjos, virgens” em seu palanque.
O presidente afirmou que não faz “alianças com pessoas, mas com os partidos”. “Se um dia eu fizer aliança com o PFL, virão as pessoas do PFL”, disse.
Lula disse que não pode julgar as pessoas e que o que vale é o julgamento do povo. “Acabei de ver um monte de gente cassada e que está agora no Congresso Nacional. Essas pessoas têm um mandato tão legítimo quanto qualquer outro”, comentou.
Fazendo referência a este fato, disse que “as pessoas têm de aprender a respeitar a vontade do povo”. Mas aproveitou para enfatizar a frase, numa menção velada ao discurso apresentado por vários de seus aliados, de que as intenções da oposição teriam ares golpistas.
Em outro momento, foi mais claro. Perguntado se acreditava que a oposição tentava “melar” a eleição, o presidente disse que tinha certeza que sim. “Eu não acho. Eu vejo isso todo dia. Me parece que algumas pessoas da oposição não gostam do jogo democrático”, afirmou Lula.
Dossiê
A Polícia Federal apreendeu na semana passada DVD e fotos que mostram os tucanos José Serra (candidato ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (candidato à Presidência) na entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.
A quadrilha desmontada pela Polícia Federal, que fraudava a venda de ambulâncias para prefeituras de diversos Estados do país, era chefiada pela família Trevisan Vedoin, no Mato Grosso.
O material, supostamente comprado pelo PT e conhecido como dossiê, seria entregue pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe dos sanguessugas e sócio da Planam, a integrantes do PT, que o usariam durante a campanha contra os adversários tucanos.
Confira o DVD, de 23 minutos, veiculado no Olhar Direto. O vídeo compõe o dossiê, orçado em R$ 1,7 milhão.
No DVD, Serra, então ministro da Saúde, aparece com alguns parlamentares, hoje acusados de envolvimento com o esquema dos sanguessugas, numa solenidade realizada em um galpão da Planam, em 2001, em Cuiabá.
Em trechos do vídeo, aparecem Luiz Antônio Vedoin e seu pai, Darci Vedoin. O tucano chegou ao local acompanhado de Dante de Oliveira (PSDB), então governador do Mato Grosso. Dante morreu em julho deste ano.
Alckmin não aparece no DVD. Segundo o blog do Josias, o tucano, conforme informações da Polícia Federal, é visto apenas em uma foto do dossiê.
Petistas e tucanos já declararam que o DVD não vale R$ 1,7 milhão. Petistas vem defendendo que o conteúdo do dossiê seja investigado.