A lei seca ainda não pegou em Cuiabá, uma dascinco capitais brasileiras campeãs nas taxas de mortalidade no trânsito. Das cinco, Cuiabá é a que tem mais bafômetros: três. Mas só ficaram disponíveis nesta semana. As blitze, diz a PM, começam neste fim de semana. Em junho, houve 382 acidentes, contra 323 nos primeiros 20 dias de julho. Porto Velho (RO), Macapá (AP), Palmas (TO) e Campo Grande (MS) completam a lista das cidades mais violentas quando o assunto é morte no trânsito.
Juntas, as cinco capitais registraram, em 2006, de 26 a 29 mortos no trânsito a cada 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde. Segundo a “Folha”, são índices próximos aos das cidades africanas, que em 2004 tiveram média de 28,3 mortos – considerada alarmante pela Organização Mundial da Saúde.
“A fiscalização é fundamental. O simples fato de ter uma lei não vai enquadrar as pessoas”, diz o professor da USP Jaime Waisman, especialista em transporte urbano.
Na semana passada, o ministério informou que caíram em 24% as operações de resgate no país nos primeiros 20 dias após a nova lei, que entrou em vigor em 20 de junho. Foram levados em conta apenas 14 das 144 unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. As capitais campeãs em mortes não estão na lista.
Sem bafômetro, a Polícia Militar do Amapá ainda não iniciou operações em Macapá. Mesmo assim, nas duas primeiras semanas da nova regra, os acidentes de trânsito chegaram a cair 32%, de acordo com os dados da própria PM. “Mas aí os motoristas descobriram que ainda estávamos sem bafômetros, e a coisa desandou. Voltaram a beber e os acidentes aumentaram 40%”, conta o capitão Jones Silva, da companhia de trânsito.
Também não há bafômetros nem blitze em Palmas. O número de acidentes aumentou levemente em relação ao ano passado -276 contra 272, entre 20 de junho e 10 de julho.
Em Campo Grande, há apenas um bafômetro – a frota é de 311 mil veículos. A PM diz que tem feito ações em regiões próximas a bares, mesmo sem o aparelho -desde o início da lei, 35 pessoas já perderam a carteira e 16 foram presas. Quando a polícia não tem bafômetro, a lei permite multar e até prender pela aferição por meio de sinais notórios de embriaguez, por peritos ou policiais.
Em Porto Velho, há dois bafômetros -que “resolvem”, segundo o major Neil Gonzaga. Os números de multas (23) e de acidentes (13,2 por dia) se mantiveram desde o início da lei.