O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado lançaram em Rondonópolis, a campanha de erradicação do trabalho escravo. A preocupação não é para menos. Mato Grosso é o segundo Estado do Brasil em incidência do trabalho escravo. Segundo o Ministério Público do Trabalho, somente este ano, foram libertados mais de 120 trabalhadores, mantidos em condições degradantes de trabalho. A campanha quer sensibilizar a sociedade para agir na defesa da dignidade humana.
O procurador geral de Justiça do Estado de Mato Grosso, Paulo Roberto Jorge do Prado, e o procurador do Trabalho da 23ª Região, Paulo Douglas Almeida de Moraes, além de juízes, representantes de associações e entidades de classe, promotores e membros da comunidade em geral, prestigiaram o lançamento da campanha. A solenidade foi aberta com a apresentação do coral infantil da Fundação André Maggi. Antes de Rondonópolis, a campanha foi lançada em Cuiabá, devendo percorrer agora outras cidades pólos do interior do Estado.
Conforme o procurador Paulo Douglas, o trabalho escravo é uma preocupação não só estadual, mas nacional. Na região sul do Estado, o procurador observou que a incidência de trabalho escravo é menor, mas existe. Há, inclusive, casos recentes constatados na região de Rondonópolis. Paulo Douglas observou à reportagem que, até então, o Governo do Estado era resistente em reconhecer o problema, havendo agora um avanço concreto com a criação da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo, instituída recentemente pelo governador Blairo Maggi.
O procurador geral Paulo Prado atestou que, em pleno 2008, com o homem viajando no espaço e a internet ligando cidadãos em tempo real em diferentes partes do mundo, ainda existe o trabalho escravo. Conforme Paulo Prado, as pessoas hoje têm certa dificuldade em discernir que situações configuram como trabalho escravo, pois geralmente há uma associação com a existência de pessoas mantidas acorrentadas e presas – como no passado.
Também salientou que se configura como trabalho escravo, por exemplo, a existência de pessoas em locais de trabalho com água suja para beber, sem acesso a banheiros, comida em péssimas condições, alojamentos em condições humilhantes, falta de equipamentos de proteção, entre outros. “Isso carateriza exploração, escravidão, porque a dignidade do ser humano é reduzida a nada”, explicou.
Com a campanha, o procurador geral externou que quer mobilizar os bons empresários e toda a sociedade, esclarecendo sobre a gravidade do problema e mostrando que tipos de situações são classificadas análogas à de escravo. Inclusive, destacou que o trabalho escravo, portanto, pode estar também na zona urbana, em empresas que não se atentam, por exemplo, no suprimento de equipamentos de proteção dos seus funcionários, colocando a saúde e integridade dessas pessoas em risco.